Título: Inquérito do Boeing em ritmo de tartaruga
Autor: Vargas, Rodrigo
Fonte: O Globo, 10/01/2007, O País, p. 8

PF aguarda autorização do MP e da Justiça para dar continuidade à investigação do acidente que matou 154 pessoas

CUIABÁ. Um mês depois de apresentar relatório parcial do inquérito que apura as causas do acidente envolvendo o Boeing 737-800 da Gol e o jato executivo Legacy, ocorrido em 29 de setembro passado, a Polícia Federal ainda não obteve autorização para continuar o trabalho. Oficialmente, as investigações estão paradas. No acidente, o maior já registrado na aviação brasileira, morreram 154 pessoas.

O pedido de prorrogação do inquérito foi encaminhado dia 13 de dezembro à Justiça Federal em Sinop (município localizado 500 quilômetros ao norte de Cuiabá), que o remeteu em seguida ao Ministério Público Federal, com prazo de 20 dias para análise. Até o momento, porém, não houve resposta.

Por meio de sua assessoria de imprensa, o procurador da República Thiago Lemos de Andrade, a quem cabe produzir um parecer, negou ter extrapolado o limite estabelecido pela Justiça. Segundo ele, seria preciso desconsiderar o período de recesso judicial ¿ que se estendeu de 20 de dezembro a 6 de janeiro.

Prazo para parecer se esgota no próximo dia 19

Pelo cálculo do procurador, o prazo para uma posição do Ministério Público se esgota apenas no próximo dia 19. O procurador assegurou, contudo, que sua posição deverá ser encaminhada ainda esta semana. A partir de então, a continuidade do inquérito dependerá do juiz federal Charles Renaud Frazão de Moraes.

Na Polícia Federal, o único andamento dado ao caso se refere aos pedidos de informação encaminhados ao Departamento de Controle de Espaço Aéreo (DCEA) e à Embraer, empresa fabricante do jato Legacy. Os dados serão remetidos ao Instituto Nacional de Criminalística, que deverá iniciar uma perícia ampla sobre o caso, prevista para durar pelo menos 30 dias.

Após a colisão com o Boeing, o jato Legacy, mesmo avariado, conseguiu pousar numa base militar na serra do Cachimbo, no Sul do Pará. Embora o relatório parcial não aponte a possível causa do acidente, a PF decidiu pedir o indiciamento dos dois pilotos do jato, os americanos Joseph Lepore e Jan Paladino, por conduta perigosa. Os dois chegaram a ter seus passaportes retidos, mas os documentos foram devolvidos, por decisão da Justiça. Os pilotos voltaram para os EUA.

(*) Especial para O GLOBO