Título: Comunista busca obter apoio na oposição
Autor: Vasconcelos, Adriana e Gois, Chico de
Fonte: O Globo, 10/01/2007, O País, p. 10

Candidato, já fechado com PFL, agora vai mirar em tucanos

BRASÍLIA. Diante da divisão da base governista, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), pretende investir pesado a partir de agora na oposição. Ontem ele praticamente fechou o apoio integral do PFL à sua candidatura e deverá priorizar nos próximos dias os contatos com o PSDB. Mas evitará se colocar como um candidato anti-PT ou da oposição:

¿ A Câmara não é do governo nem da oposição. E essa disputa não é fratricida, nem fraterna, apenas política. Minha candidatura não é contra a candidatura de outros companheiros, posso combater idéias, mas não pessoas. Quero ser o presidente de todos os deputados.

Tarso: ¿Vai chegar o momento em que vou emitir juízo¿

Apesar de declarar, inclusive em nota, que o governo não se intrometerá na escolha do candidato da base, o Planalto dá sinais de que não quer ver a corrida ser decidida sem que possa opinar. Anteontem à noite, representantes de 11 partidos da base aliada se reuniram com o ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, fora do palácio e cercados de mistério, para discutir os rumos da disputa entre Aldo e Chinaglia. Na manhã de ontem, Tarso divulgou uma nota na qual atesta a realização do encontro ¿ antes negado pelo Planalto ¿ e informa que o governo ¿não pode, não deve e não escolherá um dos candidatos¿. No fim da manhã, no entanto, Tarso afirmou que, embora os partidos aliados e o governo esperem por uma conciliação para que haja uma candidatura única, o Planalto agirá, se for o caso.

¿ Vai chegar um determinado momento em que eu vou emitir, em nome do governo, determinado juízo sobre quem parece, a nós do governo, que teria a maioria ¿ disse Tarso.

Questionado se o Planalto não estaria interferindo em outro poder, Tarso negou:

¿ Quando a gente diz que o Palácio não vai interferir é porque o Palácio não tem força imperial, não tem competência legal nem política para enquadrar os partidos. Agora, nada impede que o governo tenha opinião, para externar sua opinião para a base, que vai seguir ou não.