Título: Safra deve bater recorde este ano
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 10/01/2007, Economia, p. 22

Graças à recuperação no Sul, IBGE prevê 123,9 milhões de toneladas

A safra de grãos brasileira deve chegar a 123,9 milhões de toneladas este ano, o que vai representar um recorde histórico, de acordo com o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado ontem pelo IBGE. A maior colheita aconteceu em 2003, quando foram 123,6 milhões de toneladas de grãos. Segundo Neuton Alves Rocha, gerente do LSPA, aumentou a produtividade da área plantada na Região Sul, sobretudo de milho, soja e algodão, o que fez subir a projeção para a safra total em 6,3% frente ao ano passado, quando se colheu 116,6 milhões de toneladas.

- Em 2006, a Região Sul perdeu muito. Agora, está recuperando a produtividade. E, pela área plantada, percebe-se esse movimento.

Depois de seca em 2006, este ano é a chuva que preocupa

A colheita em 2006, segundo Rocha, foi prejudicada por problemas climáticos, com estiagem no início do ano e geada em setembro, o que fez a produção de trigo cair 49,1%. Mesmo assim, a safra do ano que passou cresceu 3,6% frente a 2005.

Apesar dos bons prognósticos para a colheita de 2007, algumas ameaças pairam sobre os campos. Segundo Rocha, está chovendo demais no Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo. No Mato Grosso, as chuvas contínuas podem afetar a colheita da safra precoce de soja:

- Outra preocupação é com a praga ferrugem asiática, que se desenvolve em ambientes úmidos e quentes, como estamos vivendo. Mas ainda não podemos quantificar esses efeitos sobre a produção.

Pelos números do IBGE, a colheita de soja deve crescer 5,1%, enquanto a de milho, 11%. As duas culturas respondem por 80% da safra. Outro agrícola em alta é a cana-de-açúcar, que não entra na contagem de grãos. Pela previsão do instituto, o Brasil produzirá mais 5,3%, correspondendo a 482,4 milhões de toneladas, concentradas em São Paulo, de onde vêm 280 milhões.

- O estado está virando um grande canavial - disse Rocha, do IBGE.

Preços agrícolas podem subir, apesar da boa safra

Mesmo com aumento na produção prevista de soja, Elson Teles, economista-chefe da Corretora Concórdia, não acredita em queda de preços:

- O que dita as cotações é o mercado internacional. Há demanda por milho, para produção de etanol, produto que compete com a soja por área. A cotação do dólar, que desvalorizou muito nos últimos anos, deve subir, afetando os agrícolas. A tendência, na verdade, é de alta dos preços.