Título: Petrobras continua interessada no país vizinho
Autor: Passos, José Meirelles
Fonte: O Globo, 10/01/2007, O Mundo, p. 27

Presidente da empresa diz que existem riscos em qualquer lugar

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, disse ontem que a decisão do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, de reestatizar os setores de energia e de telecomunicações não altera em nada os planos de investimentos da companhia naquele país ou em qualquer outro da América Latina. A Petrobras produz atualmente cerca de 28,6 mil barris de petróleo por dia na Venezuela e desenvolve, com a estatal petrolífera venezuelana PDVSA, estudos para a realização de diversos projetos em conjunto. Os estudos que estão sendo feitos desde um acordo assinado entre as duas empresas em setembro de 2005 vão desde a produção de petróleo e gás naquele país à construção de uma refinaria em Pernambuco.

- Não existe petróleo em lugar calmo no mundo. Se for se investir no Iraque, no Irã, na China, na Líbia, na Nigéria ou em Angola, em qualquer país do mundo tem problemas porque petróleo infelizmente, em geral, não tem em países muito calmos - disse Gabrielli.

Segundo o presidente da Petrobras, não existe qualquer risco aparente em se investir na exploração de petróleo na Venezuela, uma vez que na estrutura legal existente são conhecidas as condições de negócios no país. Ou seja, os investidores aceitam ou não os riscos.

Além da construção da refinaria em Pernambuco, a Petrobras está discutindo com a PDVSA outros projetos em conjunto, como a participação no desenvolvimento da produção de gás natural no campo gigante de Mariscal Sucre. Outro projeto em avaliação é a possibilidade de aumentar a produção atual de petróleo na Venezuela em campos antigos.

A Petrobras atua na Venezuela desde 2003 com a aquisição dos ativos da antiga empresa argentina Perez Companc (que tinha uma produção de petróleo na Venezuela da ordem de 40 mil barris diários). Desde 2005, com as mudanças na legislação promovidas por Hugo Chávez - que tornou majoritária a participação da PDVSA nos campos em atividade - a Petrobras teve que devolver várias áreas reduzindo sua produção para os atuais 28 mil barris diários.

A Petrobras também continua disposta a voltar a investir na Bolívia, apesar dos problemas que enfrentou em suas atividades naquele país desde maio do ano passado, quando o presidente Evo Morales anunciou a nacionalização das reservas de petróleo e gás natural. O presidente da Petrobras disse que a companhia está participando da concorrência que o governo boliviano está realizando para aumentar a produção de gás a ser vendido à Argentina.

A abertura dos envelopes com as propostas, prevista para hoje, foi adiada para o próximo dia 16. A Bolívia tem a intenção, com a concorrência, que cada empresa participante apresente uma proposta de aumento da produção de gás natural. O objetivo é que essas propostas juntas permitam atingir uma produção que possibilite a venda de até 27,7 milhões de metros cúbicos de gás natural por dia previstos em contrato com a Argentina no prazo de 20 anos.