Título: A bola com o PSDB
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 11/01/2007, O Globo, p. 2

Até o presidente Lula retornar das férias, a disputa pela presidência da Câmara estará concentrada no PSDB. Apesar da vitória obtida pelo líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), ao receber o apoio institucional do PMDB, a candidatura do presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), não foi ferida de morte. Se o comunista fosse carta fora do baralho, não haveria apelo pela desistência.

Um dos articuladores da candidatura Chinaglia dizia ontem que ficou mais difícil a reeleição de Aldo, mas que a possibilidade ainda existe. O apoio do PSDB daria fôlego para que o comunista se mantenha em condições de disputar no plenário. O esforço do PT nos próximos dias será convencer os tucanos de que devem abraçar a tese da proporcionalidade. A tese já é defendida por alguns tucanos, que têm interesses comuns com o PT nos estados. Como dizem os petistas, só falta isso para que a candidatura de Aldo seja detonada.

Os petistas de São Paulo estão usando como cacife os 20 votos do partido nas eleições para a Assembléia Legislativa. Acenam com o apoio à candidatura do deputado estadual tucano Vaz de Lima, desde que o governador José Serra recue no apoio à candidatura Aldo. Os petistas batem à porta dos tucanos depois de terem procurado o PFL. O atual presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia, atrás dos 20 votos petistas, tentou, sem sucesso, intermediar um encontro entre Chinaglia e o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O PSDB vai esperar o quadro eleitoral se consolidar para tomar a sua decisão.

¿ Se a base governista tiver apenas um candidato, ele terá nosso apoio, pelo princípio da proporcionalidade. Mas, se forem dois, vamos avaliar o que é melhor para o PSDB. Hoje existe na bancada maior simpatia pela candidatura Aldo ¿ afirma o líder Jutahy Magalhães Junior (BA).

Os aliados de Aldo avaliam que, com os votos dos tucanos, sua candidatura se manterá competitiva. Por isso, o presidente da Câmara fez questão de declarar ontem que não vai se retirar e que o presidente Lula já perdeu o prazo para lhe fazer este pedido.

¿ A candidatura do Aldo é irreversível. A direção do PCdoB avalia que não dá mais para deixar de enfrentar as eleições. Aldo assumiu compromissos. Consideramos indecente qualquer proposta para trocar a candidatura por um ministério. É cinismo cobrar do partido uma compreensão maior ¿ diz o presidente do PCdoB, Renato Rabelo.