Título: Não podíamos defender nem a nossa vida
Autor: Rocha, Luiz Fernando
Fonte: O Globo, 11/01/2007, O País, p. 3

Cabo da PM tomado como refém diz que poderio de fogo dos bandidos era muito superior

ARAXÁ. Os últimos reféns presos pelos assaltantes de Minas só foram libertados no início da manhã de ontem, numa estrada de terra próxima à cidade de Sacramento, já no Triângulo Mineiro. Todos foram amarrados em árvores e só conseguiram se soltar por volta das 6h. Eles caminharam até um posto de gasolina, de onde ligaram para parentes e para os batalhões, sendo resgatados em seguida.

O cabo da PM Maurício Ferreira dos Santos, do 15º Batalhão de Polícia Militar de Patos de Minas, disse que a situação foi constrangedora:

¿ Somos treinados para defender a vida humana, e nos vimos nessa situação em que não poderíamos defender nem a nossa própria vida. O poder de fogo deles era infinitamente superior ao nosso.

O cabo e um colega PM foram detidos pelos bandidos na rodovia BR-354, quando acompanhavam uma patrulha rural. Eles tentavam perseguir os bandidos seguindo o monitoramento pelo rádio da polícia, mas não sabiam que os bandidos, que já haviam tomado carros da PM, estavam passando informações falsas pelos comunicadores.

Santos e seu colega foram atraídos para uma região com pouca visibilidade e lá foram surpreendidos pelos bandidos. Viram os outros policiais que tinham sido feitos reféns, todos sob mira de fuzil e sendo usados como escudo pelos bandidos. Os ladrões ordenaram que eles se rendessem e, segundo Santos, ameaçaram atirar nos outros reféns, inclusive no juiz e nos dois delegados. Eles então entregaram as armas.

¿ A todo momento eles nos ameaçavam. Se houvesse qualquer reação contra a atitude dos bandidos, a gente seria alvejado ¿ contou o policial.

O corpo do cabo Vandec Costa da Silva foi sepultado ontem em Carmo do Paranaíba, com honras militares, pelos colegas de corporação.