Título: Amorim troca representantes nos EUA
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 11/01/2007, O País, p. 11

Maria Luiza Viotti substituirá Sardenberg na ONU; Patriota vai para Washington

BRASÍLIA. Depois de indicar seu braço direito, o embaixador Antonio Patriota, para comandar a Embaixada do Brasil em Washington no lugar de Roberto Abdenur, o chanceler Celso Amorim decidiu dar prosseguimento ao que ele chama, em conversa com assessores, de ¿renovação da Casa¿. Amorim vai trocar Ronaldo Sardenberg por Maria Luiza Viotti como chefe da missão brasileira permanente das Nações Unidas, em Nova York.

Maria Luiza voltará à ONU pela terceira vez, agora com o desafio de garantir maior projeção ao Brasil na reforma das Nações Unidas. A ampliação do número de membros permanentes no Conselho de Segurança e a proposta de erradicação da fome e redução da pobreza são os focos centrais com os quais ela vai trabalhar.

Com longa experiência em temas multilaterais em seus 30 anos de carreira, a embaixadora, atual diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, deve assumir o posto até o fim deste semestre. Ela nasceu em Belo Horizonte, tem 52 anos, fez mestrado em economia pela Universidade de Brasília e conta com a aprovação de seus colegas na nova empreitada.

O nome de Maria Luiza Viotti precisa ser confirmado pelo Congresso Nacional. O mesmo se espera para Patriota, que trabalhará em parceria com a embaixadora nas negociações com os americanos envolvendo assuntos ligados ao multilateralismo.

Ela substituirá o embaixador Ronaldo Sardenberg. Ex-ministro da Ciência e Tecnologia, Sardenberg trabalhou na ONU em debates sobre a reforma da organização e a ampliação do Conselho de Segurança, mas o processo de discussão foi interrompido. O Brasil tentará conquistar uma vaga de membro permanente. Hoje, esse status pertence apenas a Estados Unidos, França, China, Rússia e Reino Unido.

Lula deve dar cargo a Sardenberg

Segundo uma fonte da área diplomática, Sardenberg esteve, no mês passado, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tratando de sua saída. A expectativa é de que Lula dê um cargo político ao embaixador, considerado um exímio estrategista.

Maria Luiza Viotti iniciou sua carreira em 1976 e também foi embaixadora do Brasil na Bolívia. Ela se destacará, junto com a embaixadora do Brasil na França, Vera Pedrosa, como uma das poucas mulheres da diplomacia brasileira a ocuparem um cargo chave no exterior.

Maria Luiza trabalhou na missão da ONU na década de 80, como primeira-secretária. No fim da década de 90, retornou às Nações Unidas como conselheira. No Brasil, foi subsecretária para Assuntos Políticos Multilaterais e diretora-geral do Departamento de Direito Humanos e Temas Sociais do Itamaraty. Seu histórico nessa área foi fundamental para que o chanceler Celso Amorim escolhesse a embaixadora para o cargo em Nova York.