Título: Ministra falta à reunião de governadores no RN
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Fonte: O Globo, 11/01/2007, O País, p. 11

Eleitos no Nordeste têm lista de reivindicações ao presidente Lula, como investimentos para a região

BRASÍLIA. Os nove governadores nordestinos que se reúnem hoje em Natal (RN) para fechar uma pauta de interesse da região, como investimentos, Sudene, Fundeb e dívida, levarão um bolo da chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Já no meio da noite ela informou ontem que vai ficar em Brasília e não viajará ao Rio Grande do Norte, ficando, portanto, longe das cobranças e pressões. A ausência deverá desapontar os governadores de uma região onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi campeão de votos e que tem três dos cinco governadores eleitos pelo PT. Apenas os ministros da Educação, Fernando Haddad, e da Integração Nacional, Pedro Brito, devem comparecer.

Mas, para amenizar o impacto negativo de sua ausência, Dilma prometeu que os receberá em Brasilia, na próxima terça-feira, quando encaminharão a Lula a Carta de Natal.

Os eleitos têm uma lista de reivindicações em mãos, que vai da discussão da dívida pública à inclusão de projetos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no Projeto Piloto de Investimento (PPI) do governo federal. Também querem saber como funcionará a futura Sudene e como será a repartição das verbas do Fundeb, aprovado no ano passado pelo Congresso. Além disso, os governadores vão cobrar o agendamento de uma reunião de todos os governadores com o presidente Lula.

¿ Os governadores do Sudeste se reuniram, e agora é a nossa vez. Acredito que outros, de outras regiões, farão o mesmo, e creio que chegará um momento em que seria conveniente o governo federal articular um encontro com todos ¿ cobrou Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba.

O tucano é um dos interessados na discussão sobre a dívida dos estados. Nos últimos quatro anos, de acordo com ele, a Paraíba pagou R$1,4 bilhão à União. Somente no ano passado foram R$400 milhões, enquanto os investimentos no Estado não passaram de R$170 milhões.

No Piauí, a situação também é complicada. Wellington Dias (PT) faz as contas e afirma que entre 2003 e 2006 o estado pagou R$1,1 bilhão à Uniào por causa da dívida. No mesmo período, o investimento foi de R$400 milhões.

¿ Temos de encontrar uma alternativa ¿ declarou Dias, observando que, no caso do Piauí, a renegociação da dívida obrigou o Estado a quitar o débito em 15 anos, quando nos demais estados o prazo é de 30 anos.

¿Falta infra-estrutura para crescer¿, diz Wellington Dias

Cunha Lima tem duas propostas para tentar minimizar o problema. Ele sugere que a União devolva a caução depositada pelos estados para o pagamento da dívida externa, que teria sido quitada no ano passado. Se o governo federal aceitar, isso representaria R$80 milhões a mais para investimento na Paraíba.

Outra idéia é formar um fundo onde seriam depositados 40% do que são pagos pelos estados para amortização das dívidas. Os recursos poderiam ser emprestados para os estados aplicarem em investimentos de infra-estrutura. Na reunião, os governadores querem incluir no PPI e no PAC obras nas áreas de transporte, água, saneamento, energia e habitação.

¿ Falta infra-estrutura para crescer. Acho importante que o presidente possa planejar o crescimento de forma desconcentrada e queremos contribuir para a discussão ¿ diz Dias.