Título: Inflação em 2006 medida pelo IGP-DI atingiu 3,79%
Autor: Louven, Mariza e D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 11/01/2007, Economia, p. 21

Pressionado pelos reajustes das `commodities¿, índice triplicou no ano, mas foi o quarto menor da história

RIO e SÃO PAULO. O choque agrícola provocado por fortes aumentos nos preços de commodities como o milho ¿ que chegou a subir 34,54% ¿ foi o principal responsável pela elevação da inflação no atacado, maior causa da alta de 3,79% no Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) no ano passado. Apesar de três vezes acima da variação de 1,22% registrada em 2005, a taxa de 2006 foi a quarta menor da história do índice, calculado desde a década de 40 pela Fundação Getulio Vargas (FGV).

Depois de dois anos seguidos de inflação muito baixa, o coordenador de Índices de Preços da FGV, Salomão Quadros, acredita que o IGP-DI continuará em queda gradativa em 2007, tendendo a permanecer entre 3% e 4%. As pressões de alta virão principalmente dos custos industriais e dos serviços.

¿ Quando a inflação está neste nível baixo, a redução é difícil, suada. Os serviços estão entre os mais resistentes ¿ disse Quadros.

Em dezembro, o IGP-DI ficou em 0,26%, com forte desaceleração frente aos 0,57% de novembro. De um mês para o outro, dois dos três componentes do IGP-DI avançaram. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) pulou de 0,24% para 0,63%; e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) foi de 0,23% para 0,36%. Já o Índice de Preços por Atacado (IPA) ¿ que tem peso de 60% na taxa geral ¿ fez movimento contrário: passou de 0,75% para 0,11%.

No acumulado de 2006 foi inverso: os preços no atacado puxaram o índice para cima e os preços ao consumidor desaceleraram fortemente, devido principalmente ao recuo dos alimentos in natura ¿ como batata inglesa (43,81%) e tomate (23,77%). Contribuíram ainda as tarifas de eletricidade residencial, com queda de 0,12%, e do telefone residencial (1,66%) ¿ que por serem indexadas refletiram taxas baixas verificadas em 2005, em decorrência da ação do câmbio valorizado.

¿ O câmbio mais estável em 2007 deve levar a uma convergência maior entre os preços no atacado e no varejo ¿ previu Quadros.

Este ano, a safra boa deve resultar em oferta maior de alimentos. E a economia mundial continua em crescimento, mas sem sinal de superaquecimento ou pressão para disparada dos preços dos produtos exportados pelo Brasil. Por outro lado, o afrouxamento da política de juros e a expansão maior da economia brasileira podem levar a repasses de custos e recomposição de margens de lucro, principalmente da indústria. Os preços dos serviços, mais resistentes à queda, também devem pesar.

Custo de vida apurado pelo Dieese subiu 2.57% ano passado, menor taxa desde 1998

O Índice de Custo de Vida (ICV) do Dieese, que mede a inflação na cidade de São Paulo, subiu 2,57% em 2006, a menor taxa desde 1998 (0,49%). Ele ficou abaixo da variação de 4,55% de 2005. O aumento do custo de vida foi mais significativo entre as famílias de maior poder aquisitivo (renda média de R$2.792,90): 2,7%; e entre as mais pobres (renda de R$377,49) foi de 2,62%.

Para as famílias com renda intermediária (R$934,17), a alta foi de 2,26%. Despesas pessoais (5,35%), educação e leitura (4,86%), transportes (4,41%) e saúde (4,30%) foram as que mais tiveram elevação.