Título: Botelho pode ser ministro de Lula
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 11/01/2007, Economia, p. 25

Presidente da Embraer é cotado para Desenvolvimento, no lugar de Furlan

BRASÍLIA. Os nomes do presidente da Embraer, Maurício Botelho ¿ que já anunciou que vai deixar a empresa ¿ e do ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, circulam no mercado como possíveis substitutos de Luiz Fernando Furlan no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A especulação, que vem se tornando cada vez mais forte, deve-se à indefinição quanto à permanência de Furlan na pasta. O mistério deve acabar na próxima semana, quando o ministro retorna a Brasília, depois de um período de férias, e conversará com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A possibilidade de Mares Guia assumir o cargo já foi cogitada antes dentro do governo. Mas o nome de Botelho aparece pela primeira vez nos bastidores e tem sido visto por alguns executivos como solução para compensar a saída de Furlan, que sempre contou com prestígio junto ao presidente e ao setor produtivo.

Respeitado internacionalmente pela sua atuação à frente da Embraer, Botelho tem seu trabalho reconhecido no governo Lula, principalmente depois que conseguiu convencer os chineses a comprarem dez aviões da empresa brasileira. Ele está no comando da Embraer desde 1995.

Já Mares Guia foi o primeiro ministro confirmado por Lula em seu governo. É considerado pelo mercado como tecnicamente competente e bom gestor. Sua atuação no Ministério do Turismo sempre foi elogiada pelo presidente da República em seus discursos.

Segundo fontes próximas a Furlan, a permanência do ministro depende mais dele do que de Lula. Mas Furlan estaria insatisfeito com o tratamento que vem recebendo desde o primeiro mandato de Lula. Nunca conseguiu indicar o presidente do BNDES. Teve de aceitar o acadêmico Carlos Lessa e, depois, o economista Demian Fiocca, da confiança do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Atrito com equipe econômica sobre pacote

Recentemente, aumentou seus atritos com a área econômica. Furlan tenta evitar o enxugamento do pacote de medidas para estimular o crescimento antes mesmo de seu anúncio. Com o reajuste do salário mínimo de R$350 para R$380 a partir de abril, faltaram cerca de R$4 bilhões para desonerações de tributos, como defendia Furlan.