Título: Cotação do petróleo recua mais de 2 %
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Fonte: O Globo, 11/01/2007, Economia, p. 27

Preço cai para menor patamar desde junho de 2005 com inverno ameno nos Estados Unidos

NOVA YORK. Os preços do petróleo despencaram ontem mais de 2%, depois que o governo americano anunciou que os estoques de combustíveis no país cresceram. Também influiu na queda da cotação a decisão da Bielorrússia de suspender a cobrança de tarifas sobre o petróleo exportado pela Rússia à Europa, praticamente encerrando a crise entre os dois países, que nos últimos dias afetou o abastecimento de vários países europeus.

Na Bolsa Mercantil de Nova York, o preço do barril de petróleo do tipo leve caiu 2,9%, para US$54,02, o menor patamar desde junho de 2005. Durante a sessão, no entanto, chegou a bater a mínima de US$53,80. Na Bolsa Intercontinental de Futuros, em Londres, o preço do barril do tipo Brent teve queda de 2,7%, para US$53,69.

A menor demanda de óleo para calefação, provocada pelo inverno extraordinariamente ameno no Hemisfério Norte, e a fuga de grandes fundos de investimento do mercado de matérias-primas estão fazendo as cotações recuarem fortemente. Com a queda de ontem, os preços da commodity praticamente já recuaram 12% nos primeiros dez dias do ano.

Bovespa chega a cair 1,8%, mas se recupera no fim

A Administração de Informação de Energia dos EUA (EIA, na sigla em inglês), agência que monitora os níveis de abastecimento do país, revelou ontem que os estoques americanos de combustíveis destilados ¿ que inclui o óleo para calefação ¿ subiram fortemente além das expectativas na semana passada.

¿ A estatística que chama a atenção é o crescimento dos estoques de destilados, o que revela o ameno ou mesmo não existente inverno ¿ disse Joseph Arsenio, analista da Arsenio Capital Management.

De acordo com os dados colhidos pela EIA, os combustíveis destilados aumentaram 5,4 milhões de barris, 2,2 milhões de barris a mais do que as projeções de analistas do setor. Já os estoques de petróleo caíram cinco milhões de barris. E os de gasolina aumentaram 3,8 milhões.

A queda nas cotações do petróleo fizeram a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) chegar a cair 1,8% durante o dia. No fim da tarde, investidores aproveitaram a queda recente para comprar ações a um custo mais baixo, estimulados pela recuperação nos preços de metais como cobre e níquel no mercado internacional. Os papéis da Vale do Rio Doce subiram 2,74%, garantindo a recuperação da Bolsa, que acabou fechando em alta de 0,78%. Já as ações da Petrobras caíram 0,59%.

O dólar encerrou os negócios praticamente estável: cotado a R$2,150, em alta de 0,05%. O risco-Brasil manteve-se no mesmo nível da véspera: 199 pontos centesimais.

O forte recuo das commodities é encarado como um movimento de curto prazo pelo analista Pedro Martins, do banco de investimentos americano Merrill Lynch. Em relatório enviado ontem aos clientes, ele explica que os preços das matérias-primas devem continuar elevados em 2007, embora fiquem sujeitos a mais volatilidade. Ele recomenda a compra de papéis como Vale do Rio Doce, Petrobras e Votorantim Celulose e Papel.