Título: Companhias privadas criticam a suspensão
Autor: Tavares, Mônica
Fonte: O Globo, 11/01/2007, Economia, p. 28

Para associações, decisão do governo foi um retrocesso

BRASÍLIA. O setor privado desaprovou a suspensão, pelo governo, da concessão de sete trechos de rodovias federais. A expectativa era que o governo lançasse o edital logo após a divulgação do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que deve ser no dia 22. A Associação Brasileira das Concessionárias de Rodovia (ABCR) afirmou que se trata de uma decisão política, baseada em debates internos, de caráter ideológico, sobre privatizações. No entanto, a entidade acredita que não haja ainda um posicionamento definitivo do Palácio do Planalto.

¿ Mas o país está perdendo um janela de oportunidades para atração e realização de investimentos ¿ salientou o presidente da entidade, Moacir Duarte.

Abdib: desistência poderia levar recursos a outros países

Para a Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústrias de Base (Abdib), esta segunda fase do programa de concessão de rodovias faz parte de uma diretriz do governo de transferir para a iniciativa privada a construção, a recuperação e a operação de infra-estrutura, diante da ausência de recursos orçamentários.

¿ Não temos a opção de voltar atrás, de desistir desse caminho de concessão na área de infra-estrutura. Se mostrarmos hesitação em criar as condições regulatórias adequadas e em oferecer projetos para a iniciativa privada, será um retrocesso. Se isso acontecer, os recursos internos e externos serão aplicados em outros países ¿ afirmou o presidente da Abdib, Paulo Godoy.

A Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística também avaliou que a decisão do governo representa um retrocesso:

¿ Os governos já chegaram a cobrar pedágios para manutenção de estradas, como aconteceu durante muito tempo na Presidente Dutra, na Ponte Rio-Niterói e na Osório-Porto Alegre. E a experiência mostra que eles, decididamente, não são bons gestores desses recursos ¿ disse Geraldo Vianna, presidente da entidade.

Para CNI, licitação corria o risco de fracassar

Já o presidente da Comissão de Infra-estrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas, acredita que, mais do que agradar aos governadores aliados, o Executivo se antecipou a um possível fracasso da licitação. Isso porque, segundo ele, várias firmas indicaram que não aceitam regras que inviabilizam o negócio ¿ como o cálculo da tarifa, que reduz a remuneração do investimento:

¿ Tem um nó que precisa ser desatado. (Mônica Tavares)

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