Título: Bolívia: oposição acusa Morales de terrorismo
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Fonte: O Globo, 11/01/2007, O Mundo, p. 31

Protestos aumentam em Cochabamba; cinco governadores exigem novo referendo no país

LA PAZ. Cinco governadores opositores do presidente da Bolívia, Evo Morales, pediram ontem que ele pare de praticar ¿terrorismo de Estado¿, no mesmo dia em que a tensão aumentou na cidade de Cochabamba ¿ onde mais manifestantes pró e contra o governador de oposição, Manfred Reyes Villa, tomaram as ruas.

Num abaixo-assinado, publicado em diversos veículos de comunicação do país, os cinco (do total de nove) dirigentes bolivianos acusam Morales de organizar protestos para pressionar uma renúncia de Reyes Villa, que pediu a realização de um referendo pela autonomia de Cochabamba e outras províncias bolivianas.

Partidários de Morales queimam sede de governo

¿Queremos que se cumpra a lei constitucional¿, disse o documento, assinado por, além de Reyes Villa, os governadores de La Paz, Santa Cruz, Tarija e Beni e Pando.

Nos últimos dias, vários partidários do Movimento ao Socialismo (MAS), de Morales, tomaram as ruas de Cochabamba, em intensos protestos contra Reyes Villa, que deixaram pelo menos 20 pessoas feridas.

Depois de parte da sede do governo da província ter sido queimada, na segunda-feira, ruas e estradas que ligam o local a regiões como Santa Cruz e La Paz foram bloqueadas. Os protestos continuaram ontem, no mesmo dia em que uma ¿contramanifestação de paz e unidade¿, de apoio a Reyes Villa, foi convocada pelo Comitê Cívico de Cochabamba.

Ontem, a organização Repórteres Sem Fronteiras denunciou agressões sofridas por oito jornalistas que cobriam os protestos, dos quais três estão em estado grave. ¿A Bolívia desliza rumo a uma crise institucional, que precisa ser resolvida pelo governo¿, requisitou a organização.

Os nove governadores foram eleitos juntamente com Morales, em dezembro de 2005. Desde o início de seu mandato, o presidente de origem indígena vem enfrentando pressão em redutos oposicionistas para que essas regiões ganhem autonomia em relação ao Estado.

O MAS convocou um referendo, em julho deste ano, vencido pelo ¿não¿ à autonomia, mas em apenas cinco províncias. Morales pede que Reyes Villa desista de pressionar por um novo referendo, alegando que o anterior é válido.