Título: Revolução pós-industrial contra aquecimento
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Fonte: O Globo, 11/01/2007, O Mundo, p. 33

Comissão Européia propõe cortes de até 30% nas emissões de CO2 para combater mudanças climáticas

BRUXELAS. A Comissão Européia anunciou ontem a mais ambiciosa proposta já apresentada para o combate às mudanças climáticas do planeta e desafiou o mundo a seguir o seu exemplo e se engajar na redução de emissões de gases estufa. O anúncio foi feito em meio a um inverno europeu completamente atípico, em que a neve desapareceu de Moscou e franceses estão indo à praia, num sinal claro, para muitos cientistas, das alterações do clima já em curso.

A comissão propõe que os 27 países do bloco reduzam, unilateralmente, 20% de suas emissões de CO2 (dióxido de carbono) em relação aos valores de 1990. Mas vai além. O volume dos cortes poderia chegar até 30% se outros países desenvolvidos do mundo resolverem aderir à política.

A proposta faz parte de uma ampla política energética para o bloco, que inclui ainda estratégias para aumentar o consumo de combustíveis renováveis, diminuir o gasto de energia e reduzir a dependência de fornecedores estrangeiros no que diz respeito a petróleo e gás. Mas o grande destaque da proposta, ainda a ser aprovada pelos países-membros e o Parlamento Europeu, é o combate ao aquecimento global.

¿ Precisamos de novas políticas para enfrentar uma nova realidade; políticas que preservem a competitividade da Europa, protejam o meio ambiente e tornem nossa oferta de energia mais segura ¿ afirmou o presidente da comissão, José Manuel Barroso. ¿ A Europa deve liderar o mundo nessa revolução pós-industrial: o desenvolvimento de uma economia pobre em carbono.

A idéia da proposta é que o corte de 20% das emissões seja alcançado por meio do uso de energias renováveis. Além disso, 10% dos veículos deveriam adotar biocombustíveis.

A proposta também prevê que todas as novas usinas de geração de energia não emitam CO2, ou seja, devem ser construídas de forma que as eventuais emissões possam ser capturadas e enterradas. E o estímulo maior é para um aumento considerável do uso de energias renováveis, como a eólica e a das ondas.

EUA: 2006 foi o ano mais quente no país

A União Européia renovou seu apelo para que os Estados Unidos ¿ os maiores poluidores do mundo que se recusaram a assinar o Acordo de Kioto ¿ aceitem as novas metas de redução de emissões.

¿ Precisamos dos EUA conosco ¿ afirmou Barroso, que se encontrou esta semana com George W. Bush. ¿ Pessoalmente acredito que os EUA mudarão e serão mais ambiciosos no futuro no que diz respeito às mudanças climáticas.

Ontem, pela primeira vez, uma agência do governo americano, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional, sustentou que o aumento das emissões de gases do efeito estufa contribuem para o aquecimento do planeta. No comunicado, a agência afirmou que 2006 foi o ano mais quente em todos os estados do país desde o início dos registros, em 1895.

O governador da Califórnia, Arnold Schwarzenegger, saiu na frente e anunciou que está propondo um corte de 10% nas emissões de gases relacionados ao aquecimento global por parte de refinarias de petróleo e produtores de gasolina.