Título: Acordo com PMDB incluiu ajuda a acusado no escândalo sanguessuga
Autor: Éboli, Evandro
Fonte: O Globo, 12/01/2007, O País, p. 4

Na negociação com Chinaglia, partido pediu pelo deputado João Magalhães

BRASÍLIA. Para anunciar seu apoio à candidatura de Arlindo Chinaglia (PT) à presidência da Câmara, semana passada, o PMDB incluiu no pacote do acordo mais uma condição: que os petistas e outros integrantes da base do governo ajudem a arquivar o processo contra o deputado João Magalhães (PMDB-MG). O parlamentar mineiro responde a processo no Conselho de Ética por envolvimento no escândalo dos sanguessugas. Como ele foi reeleito, o caso poderá ser reaberto na nova legislatura, que começa em 1º de fevereiro.

João Magalhães foi um dos cinco parlamentares acusados pela CPI dos Sanguessugas, entre os 67, que conseguiram a reeleição em outubro, apesar da denúncia. O relator de seu caso, Marcelo Ortiz (PV-SP), não concluiu o processo no Conselho, o que deixa brecha para o caso ser reaberto. Para isso, basta que um partido político represente novamente contra Magalhães no colegiado.

Um parlamentar do PMDB confirmou que o apoio à absolvição do deputado mineiro foi discutida com o comando da campanha de Chinaglia. Procurado pelo GLOBO, João Magalhães negou que o pedido tenha ocorrido.

¿ Não teve nada disso, nem toquei nesse assunto ¿ disse Magalhães, que esteve esta semana em Brasília e participou da reunião do PMDB que decidiu pelo apoio a Chinaglia.

Magalhães fez todos os esforços para que seu caso fosse julgado ainda nesta legislatura. Ele chegou a pedir ao presidente do Conselho, Ricardo Izar (PTB-SP), que incluísse seu processo na pauta de votação. Magalhães pretendia reassumir o novo mandato sem essa pendência e também aproveitar o clima de pizza que prevaleceu na Casa no ano passado.

João Magalhães foi acusado pelo empresário Darci Vedoin, um dos sócios da Planam, empresa que comandou o esquema, de ter recebido 10% do valor das emendas de sua autoria que foram executadas. O deputado teria recebido pessoalmente R$42 mil em espécie por ter destinado emendas no total de R$350 mil para a área de inclusão digital. Na defesa que enviou ao Conselho de Ética, Magalhães negou envolvimento com o seguinte argumento:

¿ Ora, 10% de R$350 mil dariam um valor de R$35 mil e não de R$42 mil

Três dos cinco reeleitos não vão precisar responder a processo. Os casos contra Marcondes Gadelha (PSB-PB), Wellington Fagundes (PL-MT) e Wellington Roberto (PL-PB) foram arquivados. Os relatores alegaram que não encontraram provas.

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