Título: Nordeste também se une contra violência urbana
Autor: Francisco, Paulo
Fonte: O Globo, 12/01/2007, O País, p. 8

Governadores da região criam fórum permanente e reivindicam um plano de investimentos do governo federal

NATAL. Reunidos ontem em Natal, os nove governadores da região Nordeste decidiram entregar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva uma pauta de reivindicações para o desenvolvimento da região. A medida mais concreta foi a proposta de formação do Gabinete de Gestão Integrada de Segurança Pública do Nordeste, composto pelos estados e pelo governo federal, e a criação da Agência Regional de Inteligência Policial.

¿ Sabemos que o Sudeste está com um problema gravíssimo de segurança. Temos muita preocupação que isso migre para o Nordeste ¿ disse a governadora do Rio Grande do Norte, Wilma de Faria (PSB), que defendeu maior integração das polícias dos estados nordestinos.

Além de Wilma, participaram do encontro os governadores do Maranhão, Jackson Lago (PDT); do Piauí, Wellington Dias (PT); do Ceará, Cid Gomes (PSB); da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB); de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB); de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB); de Sergipe, Marcelo Déda (PT); e da Bahia, Jaques Wagner (PT). Sete são aliados do governo federal. Apenas Cunha Lima e Lago são da oposição.

Ao final do encontro, agora batizado de Fórum de Governadores do Nordeste, eles redigiram a Carta de Natal, declarando apoio às metas de crescimento sustentado e propondo medidas para um Programa Piloto de Investimentos (PPI) na região. Ficou acertado que o encontro se transforme em fórum permanente para discutir questões nordestinas. O próximo será em março, em Alagoas.

Transposição do São Francisco continua sem consenso

Os ministros da Educação, Fernando Haddad, e da Integração Nacional, Pedro Brito, participaram, mas a ausência da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, foi sentida. O governador de Sergipe, Marcelo Déda, minimizou:

¿ O fato de a ministra não poder vir hoje e ter podido ir à outra reunião (dos governadores do Sudeste), não pode ser motivo de abrir uma crise ou de transformar em revolta.

Wagner disse que o importante foi discutir pontos que unificam preocupações nas áreas de infra-estrutura, segurança pública e reforma tributária.

¿ Mostra disposição para potencializar a ação política dos governadores do Nordeste. Se mantivermos a unidade, podemos atrair mais investimentos.

O encontro também tratou do Fundeb e da reforma tributária. Mas não houve acordo sobre o projeto de transposição do Rio São Francisco. Muitas vezes, o tom foi de cobrança. Cássio Cunha Lima reclamou da falta de investimentos do governo federal e defendeu a criação de um fundo formado por um percentual das parcelas pagas pelos estados das dívidas com a União.

¿ A Paraíba, em quatro anos, pagou à União cerca de R$1,4 bilhão de dívida e recebeu de transferências voluntárias modestíssimos R$230 milhões.