Título: Preços do petróleo já caíram 15% este ano
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Fonte: O Globo, 12/01/2007, Economia, p. 25

Só ontem, as cotações do barril recuaram quase 4% em Londres e Nova York, fechando abaixo dos US$52

NOVA YORK. Os preços do petróleo caíram ontem pela quarta sessão seguida, fechando abaixo dos US$52 pela primeira vez desde maio de 2005. Este ano, as cotações do produto recuaram 15%. Em Nova York, o preço do barril do tipo leve despencou 3,96%, para US$51,88, depois de ter recuado a US$51,80, o menor patamar desde 31 de maio de 2005. A cotação do leve já perdeu 32,65%, desde o recorde de US$77,03, em 14 de julho de 2006. Em Londres, o barril do Brent caiu 3,70%, para US$51,70.

Esse desempenho está deixando a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em estado de alerta, com relação ao cumprimento das metas de cortes de produção em 1,2 milhão de barris diários, implementada em novembro passado, e outros 500 mil barris diários, a partir de fevereiro. A estratégia do cartel ao retirar petróleo do mercado é tentar conter a trajetória de queda da commodity.

Opep deve implementar novos cortes de produção

Segundo analistas, as razões da queda são as mesmas. O clima incomum em todo o mundo, que amenizou o inverno no Hemisfério Norte, derrubou o consumo de óleo para calefação, fazendo os estoques do combustível avançarem nos EUA. Ao mesmo tempo, as exportações de petróleo da Rússia para a União Européia (UE) foram normalizadas ontem, após o acordo que encerrou o impasse sobre a cobrança de tarifas pela Bielorrússia.

Mas o motivo que mais preocupa os países da Opep é a decisão de grandes fundos de investimento de migrar dos papéis de energia para outros tipos de investimento. É essa tendência que está fazendo com que analistas duvidem que a Opep consiga conter a queda dos preços com os cortes de produção.

¿ A venda contínua pelos fundos está empurrando os preços para baixo ¿ disse Eric Wittenauer, analista da A.G. Edwards.

O presidente da Opep, Mohammed al-Hamli, disse ontem que o cartel está muito preocupado pela queda brusca e que provavelmente será necessário agir novamente, cortando ainda mais a produção para estabilizar os preços no mercado. Ele esclareceu, no entanto, que ainda não decidiu sobre a realização de uma reunião emergencial com os membros do cartel.

¿ Estamos vigiando o mercado diariamente ¿ disse al-Hamli, que também é ministro de Energia dos Emirados Árabes Unidos.

Ele acrescentou que os mercados estão superaquecidos e que os elevados níveis dos estoques poderão se manter no segundo trimestre, caso o clima se mantenha ameno.