Título: Olhei pela janela e vi o chão abrindo. O buraco ia ficando cada vez maior
Autor: Frota, Marcel
Fonte: O Globo, 13/01/2007, O País, p. 9

Vizinhos vivem momentos de terror e desinformação durante tragédia

SÃO PAULO. ¿A cama começou a balançar. Aí olhei pela janela e vi o chão abrindo. A impressão que tinha era de que estava caindo tudo. O buraco ia ficando cada vez maior e o prédio de vidro da frente tremia.¿ O relato é da dona-de-casa Dirce Maria Chiara, vizinha do canteiro de obras da Linha 4 do Metrô, em Pinheiros, que desmoronou ontem à tarde. Ela disse que ninguém avisou os moradores sobre o risco que havia no local.

¿ Só quando cheguei à rua falaram para sair do prédio.

Moradora do Edifício Deolinda, na Rua Gilberto Sabino, Dirce entrou em pânico quando viu a terra se abrindo e não conseguiu abrir a porta de sua casa.

¿ Pensei que ia morrer.

A dona-de-casa Diva Martins de Andrade Bordaz, de 68 anos, e o marido, Francisco Antônio, de 70, estavam sozinhos com os netos de 2 anos e 6 meses quando ouviram um barulho forte seguido do som da sirene.

¿ Peguei as crianças e saí correndo, descalça mesmo. Mas a cada passo o chão ia afundando. Pensei que seríamos soterrados ¿ conta Diva.

A casa deles, na Rua Capri, 162, fica em frente ao local onde ocorreu o acidente é uma das duas que terá ser demolida.

Moradora há 55 anos na região, a dona-de-casa Ofélia Pereira, de 74 anos, teve de ser medicada por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).

¿ Saí às pressas. Não peguei remédio nem celular.

Síndico do Edifício Deolinda, Antônio Manuel Dias Teixeira acusou o Metrô de estar dinamitando o local inclusive de madrugada para acelerar as obras de construção da Linha 4.

* Do Diário de S.Paulo