Título: Aldo reage e afirma que apoio de tucanos ao PT é escândalo político
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 13/01/2007, O País, p. 10

Candidato cobra coerência do PSDB e critica acordo nos estados

BRASÍLIA. Após passar o dia conversando com líderes do PSDB e aliados de sua candidatura à reeleição, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), reagiu fortemente à decisão da bancada tucana de apoiar Arlindo Chinaglia (PT-SP) na disputa pelo comando da Casa. Aldo classificou o acordo de ¿escândalo político¿, em referência à negociação entre o PT e o PSDB envolvendo as assembléias legislativas de São Paulo e Bahia.

Segundo Aldo, a decisão do PSDB desequilibra as forças políticas e fortalece ainda mais o poder do PT, partido que já tem a Presidência da República e a maioria dos ministérios. Para ele, não é aconselhável para a democracia a concentração de tanto poder nas mãos de um único partido. Em tom contundente, Aldo afirmou que o PT cria desequilíbrio das forças políticas ao tentar conseguir mais um espaço de poder.

¿ Esse acordo do PSDB e PT constitui um escândalo político, pelo inusitado da decisão adotada, por não guardar coerência na relação desses partidos nos últimos quatro anos ¿ reagiu.

Aldo disse ter feito um alerta sobre o fortalecimento excessivo do PT. Para ele, o ideal é que, mesmo na base aliada, esse poder seja mais bem dividido.

¿ O PT na Câmara cria um desequilíbrio de forças. O problema não é a legitimidade de aumentar o poder de fogo do PT. Questiono é que o PT quer ter mais poder do que já tem. Creio que não é aconselhável a concentração de poder nas mãos de um partido. Não podemos dar todo poder para um partido que já tem tanto poder, para o equilíbrio da democracia.

Chinaglia: `Temos que respeitar a vontade do povo¿

Aldo fez questão de condenar a posição do líder do PSDB, deputado Jutahy Junior (BA). Ele rebateu o argumento do tucano, que adotou o critério da proporcionalidade. Aldo lembrou que, em 2001, o atual governador Aécio Neves (PSDB-MG) foi eleito presidente da Câmara, quando o PSDB era a segunda maior bancada. E citou o exemplo da Bahia, onde o PSDB tem três deputados estaduais, mas articula a eleição do tucano Marcelo Nilo para comandar a Assembléia.

¿ O argumento da proporcionalidade não resiste à primeira pergunta. As decisões são políticas. Quero saber se a oposição que o PSDB fez neste período tenha sido arquivada por acordos regionais ¿ disse Aldo.

Chinaglia evitou o confronto direto, mas rebateu as declarações de Aldo. Em resposta, disse que os partidos que o apóiam representam a expressão popular, em referência ao fato de sua candidatura obedecer ao critério de respeito à proporcionalidade dos partidos. Segundo esse critério, o PT e o PMDB, detentores das maiores bancadas na Câmara, teriam o direito de indicar o nome do próximo ocupante da presidência da Casa.

¿ Quem dá representatividade, para nós, deputados, não é o Congresso, é o povo. Nós temos o dever de representar a expressão popular. Respeitar essa vontade, portanto, é o mais democrático. Temos que respeitar a vontade do povo. Digo mais, respeito profundamente a decisão partidária ¿ disse Chinaglia.

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