Título: Gasolina no Brasil já está 36% mais cara em relação às cotações externas
Autor: Ramona, Ordoñez
Fonte: O Globo, 13/01/2007, Economia, p. 28

Especialistas não acreditam que Petrobras reduzirá os preços no país

A forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional ¿ 15% de baixa só nos 11 primeiros dias de janeiro ¿ está fazendo com que a gasolina e o óleo diesel vendidos no Brasil estejam com preços bem superiores às cotações desses combustíveis no exterior. O especialista Adriano Pires Rodrigues, do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), calcula que a gasolina brasileira está cerca de 36% mais cara que a vendida no lado americano do Golfo do México, como publicou ontem o colunista Ancelmo Gois.

Já o preço do óleo diesel está 19% mais alto do que as cotações externas. Isso acontece porque no mercado internacional, como nos Estados Unidos, os preços dos combustíveis acompanham diariamente as cotações do petróleo, tanto para cima quanto para baixo.

Os consumidores do Brasil, contudo, podem perder as esperanças de a Petrobras reduzir seus preços internos. Especialistas do mercado apostam que, agora, a estatal vai buscar recuperar as perdas que teve no ano passado.

Petrobras não repassou as fortes altas de 2006

A Petrobras não comenta as atuais quedas internacionais das cotações do petróleo. O presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, sempre argumenta que a companhia continua com sua política de acompanhamento dos preços internacionais a longo prazo, sem repassar internamente, a curto prazo, a forte volatilidade dos mercados.

No ano passado, a Petrobras não repassou para os preços dos combustíveis as fortes altas do preço do petróleo, que chegou a ser vendido a US$77 o barril. Os preços da gasolina e do diesel não são reajustados desde setembro de 2005, enquanto o GLP (gás de botijão) não aumenta desde o início do governo Lula, em 2003. Os demais derivados, como o querosene de aviação, os óleos combustíveis e a nafta petroquímica, representam 40% da receita da estatal e sofrem reajustes mensais conforme contratos com as empresas.

Adriano Pires destacou que, de 20 de dezembro do ano passado até o último dia 9, os preços do petróleo registraram baixa de 17%, passando de US$63,13 o barril do Brent para US$52,38 nesta semana. Em compensação, de janeiro de 2005 até dezembro de 2006, a Petrobras teve perda de R$5 bilhões em sua receita por não ter reajustado os preços.

¿ Não acredito que a Petrobras vá agora reduzir os preços da gasolina e do diesel, porque vai aproveitar a queda lá fora para recuperar suas perdas ¿ disse Pires.

O especialista acredita que é correto a Petrobras não repassar a forte volatilidade de preços a curto prazo. Mas, na visão do especialista, seria mais benéfico para a companhia e para os consumidores que fossem feitos repasses, para cima ou para baixo, com uma certa periodicidade ¿ a cada três meses, por exemplo.

¿ A política de preços da Petrobras é uma caixa preta. E acho que a mais prejudicada, no fim das contas, é ela mesma. Agora, por exemplo, vai tentar recuperar as perdas que teve em todo o ano passado ¿ afirmou Pires.