Título: Bento XVI estaria abalado com escândalo polonês
Autor: Popham, Peter
Fonte: O Globo, 13/01/2007, O Mundo, p. 35

Papa pode ter cometido erro de julgamento em relação a bispo exposto como agente da polícia secreta comunista

ROMA. O Papa Bento XVI teria ficado ¿furioso¿ e ¿isolado¿, segundo fontes do Vaticano, nos últimos dias por ter visto o homem que ele pessoalmente indicou como o novo arcebispo de Varsóvia exposto como um agente da polícia secreta comunista polonesa. Depois de carinhosamente aprovar a escolha de Stanislaw Wielgus para o cargo, Bento XVI foi forçado a aceitar sua renúncia, no último domingo, somente horas depois de sua posse.

Ontem, o Conselho Episcopal Polonês fez uma conferência de emergência em Varsóvia para discutir o caso. Os bispos concordaram em investigar o envolvimento de padres católicos com a Sluzba Bezpieczensewa (SB), a polícia secreta polonesa durante o comunismo.

¿ Não temos medo da verdade e resolvemos investigar a verdade sobre nós mesmos, mesmo que seja algo doloroso ¿ disse Josef Michalik, diretor do conselho.

Segundo historiadores e integrantes da Igreja, entre 10% e 15% dos padres foram pressionados a cooperar com a SB. A decisão do Papa de aceitar a renúncia de Wielgus foi descrita pela mídia polonesa com manchetes como ¿Resgatado por Roma¿. Mas fontes do Vaticano afirmam que o Papa alemão ficou bastante abalado com mais este escândalo em seu papado, após o polêmico discurso que provocou a ira de muçulmanos, em setembro de 2006.

Para as fontes, nesse último caso, não apenas as palavras tapearam o Papa, mas seu julgamento também. Quando indicou o bispo polonês, Bento XVI expressou sua ¿completa confiança¿ no religioso para ocupar o cargo de arcebispo de Varsóvia e, segundo fontes, o Vaticano tinha uma clara preferência por seu nome. Conservador, ele não estava na lista original de possíveis candidatos ao cargo. Para muitos, a nomeação mostrou que o Papa sabia do passado do bispo polonês, mas preferiu ignorá-lo.

Bento XVI foi integrante da juventude nazista quando jovem e ele deve saber melhor do que ninguém que é melhor perdoar e esquecer o passado.

Fontes do Vaticano, no entanto, alertam que o Papa ¿ um conselheiro importante de seu predecessor, João Paulo II ¿ possa estar, principalmente, sendo mal assessorado.