Título: Aldo e Chinaglia fogem de assuntos polêmicos
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 14/01/2007, O País, p. 9

Candidatos à presidência da Câmara se concentram na busca de votos e evitam debate sobre propostas

BRASÍLIA. Numa disputa acirrada, que já extrapolou os limites do Legislativo e está expondo rachas na base governista e na oposição, os dois candidatos à presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), mal têm se dedicado à elaboração de uma plataforma de ação para o cargo que pretendem ocupar. Quanto mais a disputa se aproxima, mais evasivos ficam em relação a pontos polêmicos que podem lhes tirar votos, e dos quais terão de tratar logo nas primeiras horas, depois da eleição para a Mesa da Casa. O aumento dos subsídios dos parlamentares é um tema delicado: se defendem a equiparação, sofrem desgaste na opinião pública; se não assumem a defesa do aumento, perdem votos entre deputados.

Pressionado pela maioria dos líderes, Aldo Rebelo referendou, ano passado, a proposta da Mesa que garantia a equiparação dos subsídios com os salários dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), aumentando os ganhos mensais dos atuais R$12.720 para R$24.600. A decisão provocou indignação na sociedade e acabou vetada pelo STF por não ter sido aprovada em plenário. Aldo diz que entregou o assunto para o debate em uma comissão independente e suprapartidária.

Chinaglia declarou que defenderia o aumento

Na tentativa de ganhar a dianteira, Chinaglia foi mais agressivo ao declarar, logo depois de receber o apoio do PMDB, que defenderia o aumento. Numa posição mais confortável, com a adesão dos tucanos, o petista diz que o assunto será decidido pelo plenário da Casa. E ressalta que, pessoalmente, é favorável que o deputado tenha um salário compatível com ¿suas grandes responsabilidades¿.

Embora os dois candidatos ainda estejam lutando pela preferência do Palácio do Planalto, Aldo e Chinaglia dizem que vão manter relação de independência com o Executivo:

¿ Essa relação deve se pautar pelos princípios da independência, do equilíbrio e da harmonia ¿ promete Aldo.

¿ Será uma relação constitucional, porque é a soberania popular que dita a Constituição brasileira ¿ emenda Chinaglia.

Os dois dizem que darão maior transparência aos gastos e defenderão o voto aberto, instrumento considerado essencial para acabar com as absolvições de parlamentares envolvidos em escândalos como o do mensalão e dos sanguessugas