Título: Jutahy defende consulta e parte para a briga
Autor: Vasconcelos, Adriana e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 15/01/2007, O País, p. 5

Tucano informa que dos 63 deputados ouvidos, 34 foram favoráveis ao direito de o PT eleger presidente da Câmara

BRASÍLIA. Um dia depois de o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), ter anunciado que vai convocar uma reunião da executiva nacional para reverter a decisão da bancada tucana de apoiar a candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP) à presidência da Câmara, o líder do partido, deputado Jutahy Magalhães (BA), disse estar pronto para enfrentar a briga. Convencido de que apenas externou a vontade da maioria dos 63 deputados tucanos - isso porque três dos 66 eleitos já trocaram de partido - Jutahy detalhou números da consulta feita pelo telefone: 34 deputados foram favoráveis ao critério da proporcionalidade das bancadas, dando ao PT o direito de indicar o presidente da Casa.

- A posição que adotei foi respaldada por uma grande maioria. Não tenho nenhum temor da reunião da executiva e de nela apresentar essa maioria manifestada na consulta. Sou um líder que teve a preocupação de ouvir sua bancada e atender à vontade da maioria - avisa Jutahy.

Aliados de Aldo se articulam com movimento alternativo

Os insatisfeitos com o resultado da consulta comandada por Jutahy, porém, se articulam em duas frentes. Um grupo quer promover uma reunião da bancada para reabrir a discussão do assunto, antes mesmo da reunião da executiva prometida por Tasso. O outro participará de encontro da frente independente que poderá lançar um candidato alternativo à disputa na Casa. O nome do deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR) ganhou força nos últimos dias - por ser de um partido maior - para encarnar essa anticandidatura, cujo o objetivo seria ampliar o debate sobre a necessidade de recuperara imagem da instituição e forçar um segundo turno.

- Essa candidatura alternativa só tem sentido se tiver o apoio de 15% a 20% da Casa para forçar um segundo turno - observa Fruet.

Preocupados com o avanço da candidatura de Chinaglia, aliados do presidente da Câmara e candidato à reeleição, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), procuraram os líderes do movimento em favor da candidatura alternativa para propor um acordo.

- Uma candidatura alternativa tem um papel importante para a instituição e sua agenda poderá ser incorporada num eventual segundo turno - diz o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), que apóia Aldo.

Segundo Jutahy, apenas oito deputados manifestaram apoio a Aldo e outros oito preferiram o lançamento de um candidato alternativo. Pelo menos nove parlamentares tucanos não foram localizados ou preferiram não se manifestar. Quatro sequer foram procurados, porque compõem um grupo de cinco deputados que deve trocar o PSDB pelo PL ou PTB até o fim deste mês. Desse grupo, foi computado apenas o voto de Leo Alcântara (CE), filho do ex-governador Lúcio Alcântara, a favor de Aldo.

Um pedido do deputado Nárcio Rodrigues (MG) - que poderá compor a chapa de Chinaglia como candidato a primeiro vice-presidente - para que o partido se posicionasse é que teria levado Jutahy a iniciar a consulta por telefone. Com o aval do governador Aécio Neves (MG), Nárcio teria comandado a consulta no estado, assegurando os setes votos da bancada mineira em favor da tese da proporcionalidade. No Norte e Nordeste, a consulta também foi delegada a deputados favoráveis à tese da proporcionalidade.

Jutahy evitou comentar as cartas de protesto divulgadas pelo ex-presidente Fernando Henrique e pelo senador Arthur Virgílio (AM), referendadas por Tasso. Nos bastidores, contudo, o líder ironizou que os principais críticos à decisão não controlam votos na bancada.