Título: Autoridades festejam posse de Okamotto
Autor: Camarotti, Gerson e Jungblut, Cristiane
Fonte: O Globo, 16/01/2007, O País, p. 8

Amigo do presidente Lula investigado pela CPI dos Bingos renova o mandato no comando do Sebrae

BRASÍLIA. Bastante prestigiado por importantes políticos, empresários e até pelo presidente da República em exercício, José Alencar, o diretor-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Paulo Okamotto, foi reconduzido ontem ao cargo por mais dois anos.

Okamotto ficou conhecido por ter pago uma dívida de R$29 mil do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o PT entre o fim de 2003 e o início de 2004. Acabou sendo investigado pela CPI dos Bingos. Questionado se esses episódios poderiam atrapalhar sua nova gestão, ele voltou a defender que apenas usou a suas prerrogativas como procurador de Lula à época.

- Isso não vai atrapalhar em nada a vida do Sebrae - afirmou Okamotto, desde 2005 à frente da instituição que tem orçamento anual de cerca de R$900 milhões.

Também participaram da cerimônia ontem, entre outros, os ministros Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), Patrus Ananias (Desenvolvimento Social) e Márcio Fortes (Cidades), além dos presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e governadores, como o de Alagoas, Teotônio Vilela Filho (PSDB). O evento foi tão disputado que a entrada do hotel onde a posse aconteceu ficou congestionada por carros.

Durante seu discurso, Okamotto não fez nenhuma referência ao presidente Lula, que ontem estava em Quito, no Equador. Preferiu comentar as ações já feitas e planejadas pelo Sebrae. O diretor-geral da instituição fez ainda vários elogios à aprovação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas pelo Congresso Nacional no ano passado, e reforçou que a regulamentação dela será prioridade neste ano. A Lei Geral entra em vigor a partir de junho, e tem como objetivo desburocratizar e facilitar a vida de micro e pequenas empresas.

- É preciso que a Lei Geral seja adequadamente regulamentada. É uma nova frente de batalha que iremos travar com a mesma insistência que empregamos na sua aprovação - afirmou ele.

Diferentemente de Okamotto, José Alencar fez questão de falar sobre Lula durante seu discurso na cerimônia do Sebrae. Para ele, o presidente não é apenas um fenômeno eleitoral. Alencar também ressaltou a firmeza de Lula na condução da economia nos últimos quatro anos.

- Muita gente pensa que o presidente Lula é apenas um fenômeno político-eleitoral. Não é não. O presidente é um fenômeno de inteligência, de seriedade no trato da coisa pública. Devemos isso à firmeza do presidente Lula, com a qual ele sempre conduziu a coisa pública - defendeu Alencar, chamando Okamotto de "nosso querido companheiro".

Apesar dos elogios, Alencar voltou a falar da taxa básica de juros --que considera elevada -- ao afirmar que enquanto não se remunerar com vantagem os custos de capital, os investimentos estarão aquém da potencialidade de crescimento do país. Hoje, a taxa Selic está em 13,25% ao ano, uma das mais altas do mundo.