Título: Fórum de Davos terá reunião sobre Doha
Autor: Oliveira, Eliane
Fonte: O Globo, 16/01/2007, Economia, p. 22

Ministros de Brasil, UE, Índia e EUA tentarão fechar acordo comercial até junho deste ano

BRASÍLIA. Na tentativa de não deixar morrer a Rodada de Doha de abertura comercial, devido às divergências que ainda permanecem entre os principais membros da Organização Mundial do Comércio (OMC), os representantes dos países que estão à frente da negociação farão uma reunião ministerial paralela durante o Fórum Econômico Mundial, que será realizado em Davos, na Suíça, de 24 a 28 deste mês. A idéia é tentar fechar um acordo até junho, quando termina o mandato negociador aprovado pelo Congresso americano para o presidente dos EUA.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, o comissário de Comércio da União Européia (UE), Peter Mandelson, a representante Comercial da Casa Branca, Susan Schwab, e o ministro de Comércio e Indústria da Índia, Kamal Nath, protagonizarão o encontro.

Apesar do empenho político das partes, até o momento os países desenvolvidos não avançaram na redução dos subsídios e na abertura de seus mercados agrícolas. Em conseqüência, as nações em desenvolvimento não deram indicações precisas sobre uma abertura maior a produtos industrializados, serviços e compras governamentais.

Diplomatas brasileiros vêm mantendo contatos com autoridades de outros países, o que servirá de subsídio para o encontro em Davos. Esta semana, por exemplo, o subsecretário para Assuntos Econômicos, de Integração e Tecnológicos do Itamaraty, Roberto Azevedo, vai se reunir em Washington com parlamentares republicanos e democratas. Segundo uma fonte do governo, a idéia é convencê-los a aprovarem outro mandato negociador, caso não seja fechado um acordo a tempo.

Brasil pode se juntar ao Canadá em ação contra EUA

O governo brasileiro proporá aos indianos mais flexibilidade em relação à redução de seus subsídios agrícolas, alvo de críticas de UE e EUA. Brasil e Índia fazem parte do G-20, grupo de países em desenvolvimento que briga na OMC pela abertura do mercado agrícola dos países ricos. Mas a agricultura de subsistência é forte na Índia. Americanos e europeus também não se entendem: a UE acusa os EUA de não reduzirem seus subsídios, e estes argumentam que a proposta européia de acesso a mercados é tímida.

O Brasil estuda a possibilidade de se juntar ao Canadá numa ação contra os EUA na OMC, devido aos subsídios para os produtores de milho. Embora o caso não atinja diretamente os brasileiros, o Brasil entraria como parte interessada.