Título: Combate ao crime
Autor: Franco, Ilimar
Fonte: O Globo, 17/01/2007, O Globo, p. 2

Os governadores Yeda Crusius (RS) e Luiz Henrique (SC) vão propor ao governo federal que sejam adotadas na Região Sul as mesmas providências que serão implantadas no Sudeste para combater o crime organizado e a violência. Eles se reuniram na segunda-feira, em São Paulo, e concluíram que, se não adotarem medidas semelhantes, o Sul pode virar refúgio de criminosos.

Os governadores do Sudeste pediram, em 9 de janeiro, uma série de medidas do governo Lula para reforçar a segurança na região. Dois dias depois, os governadores do Nordeste anunciaram que também criariam um Gabinete de Gestão Integrada da Segurança Pública. Agora, são os governadores do Sul que vão reivindicar apoio federal. Ambos temem que, ao serem adotadas medidas rigorosas na Região Sudeste, os criminosos procurem refúgio em outras regiões do país. O fenômeno já existe.

Luiz Henrique citou o caso de dois traficantes do Rio de Janeiro presos em Santa Catarina. Um deles residia num apartamento de cobertura em São José, na região metropolitana de Florianópolis. O outro morava na capital catarinense, numa casa de campo próxima da Praia dos Ingleses. Yeda Crusius lembrou que uma parte do grupo que assaltou a sede do Banco Central em Fortaleza foi presa em Porto Alegre, pela Polícia Federal, quando construía um túnel que seria usado para assaltar outro banco.

Os governadores querem, também, que o governo federal reforce a fiscalização e o controle na fronteira com o Paraguai. É por esse país, vizinho ao Paraná, que os traficantes entram com o maior volume de drogas e armas para serem comercializados no Brasil. Para Yeda Crusius e Luiz Henrique, a questão da segurança precisa ser enfrentada, de forma integrada, em todo o território nacional. Avaliam que adotar medidas duras em apenas uma das regiões do país não resolverá o problema. Reeleito, Luiz Henrique, cujo estado está em melhor situação financeira, acaba de ter aprovada, na Assembléia Legislativa, lei permitindo a contratação de policiais aposentados para prestar serviços de segurança no Judiciário, no Legislativo e no Ministério Público. Agora, negocia com esses poderes a liberação de dois mil policiais da ativa, que atualmente prestam serviço nessas instituições, a fim de que eles voltem às ruas para combater o crime. Para Yeda e Luiz Henrique, a prudência recomenda não esperar por rebeliões, como as ocorridas em São Paulo, no ano passado, e no Rio de Janeiro, na virada do ano, para que sejam adotadas medidas e as autoridades comecem a agir.