Título: O Chinaglia vai dar o aumento
Autor: Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 17/01/2007, O País, p. 3

BRASÍLIA. O ex-presidente da Casa Severino Cavalcanti (PP-PE) voltou ontem ao Congresso e anunciou apoio ao deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), na disputa para presidente da Casa. Derrotado nas urnas, Severino ficou na primeira suplência e sonha em assumir o mandato. Em 2005, ele renunciou ao mandato depois do envolvimento no chamado "escândalo do mensalinho". Ele era acusado de cobrar propina mensal para o funcionamento irregular de um restaurante da Casa.

Quem o senhor vai apoiar para a presidência da Câmara?

SEVERINO CAVALCANTI: Eu estou com o (Arlindo) Chinaglia. Ele vai ganhar a eleição.

O líder do governo pode ganhar apoio por causa de cargos na mesa e nos ministérios?

SEVERINO: Ele vai ganhar porque, aqui, as pessoas votam em candidato que vai ganhar.

Mas não pode ocorrer uma divisão na base, como a que ajudou sua eleição para presidente da Câmara?

SEVERINO: Daquela vez foi diferente. Havia dois candidatos do PT e entrei na disputa. Aproveitei a briga e me elegi. Agora, o PT só tem um candidato.

Por que o senhor optou por Chinaglia, e não por Aldo?

SEVERINO: O Aldo se acomodou muito com a imprensa. Ele tem medo. Faz o que a imprensa quer. Não defende os deputados. Esta Casa é criticada injustamente. Já o Chinaglia não tem medo da mídia. Ele tem todas as credenciais e já demonstrou isso na vida pública.

Como assim?

SEVERINO: Isso acontece sempre. O Aldo, por exemplo, não fez o aumento dos deputados. O Chinaglia vai saber interpretar o pessoal da Câmara e vai dar o aumento. O Chinaglia vai dar vez para todo mundo aqui na Casa, e não só para aqueles que gastaram R$30 milhões para se elegerem deputados. Quem tem bom senso, vota no Chinaglia.

Mas o seu afilhado político, o deputado Ciro Nogueira (PP-PI), está apoiando o Aldo. Os senhores estão brigados?

SEVERINO: Pois é... Ele foi ligado a mim. Mas não é mais. Agora, se ele tivesse me ouvido, teria apoiado Chinaglia. O Aldo não ganha essa eleição.

O senhor vai ser cabo eleitoral do Chinaglia?

SEVERINO: Eu peço voto para o Chinaglia. Mas como não sou mais deputado, não voto.

Mas, então, o que o senhor está fazendo em Brasília?

SEVERINO: Tive 56 mil votos nesta eleição e não vou abandonar os meus municípios. Vim aqui atrás de liberação de verbas para os meus municípios. E esta aqui é a minha casa. Fui deputado por dez anos.

O senhor pediu ao Chinaglia ajuda para a liberação de verbas aos seus municípios?

SEVERINO: Não preciso falar com o Chinaglia para conseguir liberação de verbas. (Gerson Camarotti)