Título: Chinaglia atormentou o governo FH
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 17/01/2007, O País, p. 4

Petista cobrava explicações dos ministros e ajudou a criar CPI do Sivam

BRASÍLIA. Em busca do apoio tucano hoje, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que disputa a presidência da Câmara, atormentou o governo Fernando Henrique Cardoso nos oito anos em que esteve na oposição. Entre 1995 a 2002, Chinaglia apresentou 125 pedidos de informação cobrando explicações dos ministros, foi autor de oito convocações de autoridades de primeiro e segundo escalões e o responsável pelo requerimento que criou a CPI do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), em 1996, o primeiro grande escândalo que atingiu o governo do PSDB.

Em junho de 1998, por exemplo, Chinaglia cobrou explicações sobre as viagens nacionais e internacionais de Fernando Henrique. O PT acusava o presidente de viajar em excesso. O petista queria saber os objetivos, custos e planejamento das viagens.

Cobrou também informações sobre gastos do Planalto com pesquisas de opinião pública. Os ministros não tiveram sossego. Em 97, o petista cobrou explicações sobre os gastos com publicidade de 19 ministérios. Na lista, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, Pedro Malan (Fazenda) e até José Serra (Saúde), que hoje apóia sua candidatura.

Foi como autor da CPI do Sivam que Chinaglia mais incomodou os tucanos. Estava sob suspeita um contrato de US$1,4 bilhão, assinado com a empresa americana Raytheon, sem licitação. O escândalo derrubou três autoridades do governo: o então ministro da Aeronáutica, Mauro Gandra; o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Francisco Graziano, ex-secretário particular de Fernando Henrique; e o embaixador e assessor presidencial Júlio César Gomes dos Santos. O relatório da CPI foi inconcluso. Chinaglia disse, à época, que o governo conseguiu "abafar o escândalo".