Título: Corpo de advogada é retirado dos escombros
Autor: Freire, Flávio e Farah, Tatiana
Fonte: O Globo, 17/01/2007, O País, p. 9

SÃO PAULO. O Corpo de Bombeiros resgatou às 20h25m de ontem o corpo da advogada Valéria Alves Marmit, de 37 anos, nos escombros da Linha 4 do Metrô de São Paulo. Foi a segunda morte confirmada. A aposentada Abigail de Azevedo, de 75 anos, a primeira a ser encontrada morta na cratera, foi enterrada anteontem. Cinco pessoas continuam desaparecidas.

No momento do acidente, Valéria estava dentro da van que foi engolida pelo buraco. Encontrado ainda na tarde de segunda-feira, o corpo estava preso nas ferragens, o que dificultou a remoção. Segundo o capitão Mauro Takara, dos Bombeiros, a van está a uma profundidade de 25 a 28 metros, e os bombeiros estão escavando numa área que tem apenas um metro quadrado. Valéria estava sentada no banco de trás da van. Ontem à noite ainda não era possível enxergar o interior do veículo.

Parentes de outras pessoas que viajavam na van tiveram autorização para entrar por um túnel de onde é possível ver o veículo. Segundo eles, o peso da terra reduziu a altura da van para cerca de um metro. Continuam desaparecidos Reinaldo Leite, de 44 anos, que conduzia a van; o cobrador Wescley da Silva, de 22 anos; o funcionário público Márcio Rodrigues Alambert, de 31 anos; e o motorista de caminhão Francisco Torres, de 47 anos, que trabalhava na obra. A família de Cícero Augustino da Silva, de 58 anos, disse à Defesa Civil que ele está desaparecido desde sexta-feira, ms não há confirmação de que ele esteja entre as vítimas.

* Do Diário de S. Paulo

Resgate ficou suspenso por 10 horas

Parentes de vítimas protestaram contra medida de segurança, suspensa

SÃO PAULO. Os bombeiros ficaram quase dez horas de braços cruzados ontem, entre 1h da madrugada e 11h, depois que o consórcio responsável pelas obras identificou riscos de novos desabamentos. Geólogos do consórcio ficaram responsáveis por dizer quando haveria condição de segurança para a continuidade do resgate. A solução foi o reforço com concreto das paredes do fosso, serviço que poderia levar até três dias.

Houve protesto de parentes e amigos das vítimas, que ficaram sabendo da interrupção pela imprensa. Com a notícia, muitos começaram a admitir que dificilmente haverá sobreviventes.

- Sabemos que meu marido está morto, mas queremos tirar ele de lá. Ele não é indigente - reagiu Thais da Silva, mulher de Wescley Adriano Silva, cobrador da van soterrada.

- Eu quero meu tio. As pessoas querem os corpos das pessoas que estão lá embaixo - apelou o motoboy José Roberto Leite Otaviano, sobrinho do motorista da van, Reinaldo Aparecido Leite: - Se fosse alguém importante, não teriam interrompido as buscas.

A pressão parece ter sido decisiva. O engenheiro Marcio Pellegrini, que representa o consórcio de empresas e que falou que os trabalhos de reforço da estrutura da linha poderiam levar "até três dias", anunciou às 11h a retomada das buscas.

Nelson Alambert, primo de Márcio Alambert, desaparecido nos escombros, reclamou que os parentes estão tendo dificuldade de informação e de acesso à área reservada a eles. Seguranças impedem a entrada dos familiares.

Após a tragédia, o marketing

Famílias e bombeiros ganham energético

SÃO PAULO. Três moças da empresa fabricante do energético Red Bull conseguiram acesso ontem a famílias, policiais e bombeiros que trabalham no resgate das vítimas do acidente do Metrô. Foram autorizadas a passar pelo bloqueio a que moradores e jornalistas estão submetidos, para entregar latinhas da bebida.

- Não é promocional. É só para dar uma energia. Tivemos um acesso rápido à área onde ficam os engenheiros - dizia a promotora Fernanda de Souza, de 22 anos.

Ela e duas outras jovens distribuíram 90 latas de Red Bull. Maitê Camargo, de 20 anos, também promotora do produto, disse concordar com a iniciativa:

- É certo isso, as pessoas estão cansadas, na correria.

A empresa informou ao GLOBO que a distribuição da bebida faz parte do dia-a-dia das atividades do Red Bull.

- Entregamos a bebida em várias situações. As garotas vão a hospitais, Corpo de Bombeiros - disse um porta-voz.