Título: Casa própria bate os cem mil
Autor: Almeida, Cássia
Fonte: O Globo, 17/01/2007, Economia, p. 23

Número de imóveis para classe média é o maior desde 88. Crédito via poupança quase dobra

O crédito habitacional com recursos da caderneta de poupança, destinados principalmente para classe média, cruzou em 2006 a barreira das cem mil unidades pela primeira vez desde 1988, há 18 anos atrás, quando 182 mil imóveis foram financiados. Foram 115.523 casas e apartamentos comprados com recursos da poupança, num montante de R$9,5 bilhões. O avanço de 2005 para 2006 impressiona. O número de empréstimos foi 89% maior que no ano anterior, quando 61 mil unidades foram financiadas. O crédito chegou quase ao dobro: em 2005, os bancos destinaram R$4,8 bilhões.

- Vários fatores se somam para este desempenho tão bom. O crescimento do setor é ainda mais consistente, considerando que, em 2005, o valor aplicado já havia aumentado 61%. As mudanças na legislação, que deram mais segurança aos contratos, a redução da taxa básica de juros, a Selic (atualmente em 13,25% ao ano e que vem caindo desde setembro de 2005) e o aumento da massa salarial são algumas explicações para essa expansão recorde - explica Décio Tenerello, presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), que divulgou os números do financiamento habitacional ontem.

Segundo Tenerello, outra mudança importante partiu do foco de negócios dos bancos. Antes, trabalhavam com a linha habitacional apenas por exigência do Banco Central, que obriga a destinação de 65% dos recursos da poupança em crédito para casa própria.

O interesse fica explícito nas condições atuais dos empréstimos. Os juros, que giravam em TR mais 12% ao ano, baixaram para entre 8% e 10% ao ano. Aumentou-se o valor financiado de 50% do imóvel para 80%, e o prazo de pagamento subiu de 12 para 15 anos.

Esse otimismo está expresso nas projeções da Abecip. O total de unidades financiadas deve dobrar para 230 mil este ano e o valor aplicado, para R$11 bilhões. O alvo, no entanto, mudou. Agora é a classe média baixa que concentra as atenções dos investidores.

- Os imóveis financiados devem ficar entre R$70 mil e R$200 mil. No ano passado, a média dos empréstimos ficou em R$82 mil. E a inadimplência caiu. Apenas 6,2% dos mutuários estão com mais de três prestações em atraso, contra 8,5% de 2005 - diz Tenerello.

Avenida Brasil desperta interesse de construtoras

Pensando nesse segmento de renda que as construtoras receberam bem a medida da Prefeitura do Rio de considerar a Avenida Brasil, antes apenas área industrial, agora residencial, comercial ou de uso misto. José Conde Caldas, presidente da Concal Construtora, vê grande potencial para a área, já urbanizada, acompanhando o sucesso de São Cristóvão:

- Poderemos ver uma renovação urbana fantástica na área.

Rogério Zylbersztajn, vice-presidente da Construtora RJZ/Cyrela, acredita que Caxambi, Méier, Vila da Penha são mais viáveis. David Cardeman, urbanista da Ademi, a associação empresarial do setor, prevê que, em até um ano, surjam projetos na Avenida Brasil.

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