Título: CNI vê parada técnica nas vendas da indústria
Autor: Duarte, Patricia e D'Ercole, Ronaldo
Fonte: O Globo, 17/01/2007, Economia, p. 26

Indicador de novembro caiu 0,33% em relação a outubro. Fiesp: setor em SP demitiu mais que contratou em 2006

BRASÍLIA e SÃO PAULO. As vendas reais da indústria - indicador que considera o faturamento do setor já descontada a inflação - recuaram 0,33% em novembro passado em relação a outubro, informou ontem a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Na comparação com o mesmo período de 2005, no entanto, o indicador cresceu 3,69%. Segundo a entidade, o desempenho no penúltimo mês de 2006 não indica uma mudança na tendência de crescimento da atividade industrial, mas sim uma acomodação, depois dos aumentos observados em setembro (1,72%) e outubro (1,71%).

- Houve uma parada técnica depois de dois meses em ritmo mais forte. A base de comparação acabou ficando maior - avaliou o coordenador da unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, que não faz projeções para o desempenho do ano fechado.

Contratações cresceram 0,42% em novembro

Também devido a esse movimento de acomodação, as horas trabalhadas na produção recuaram 0,74% frente a outubro, mas cresceram 3,58% na comparação com novembro de 2005. Em todo os seis meses anteriores, lembrou o coordenador, a CNI registrou incremento das horas trabalhadas. Apenas em outubro, houve avanço de 1,18%, chegando ao maior nível histórico.

No emprego, a CNI registrou aumento de 0,42% no pessoal ocupado em novembro, em relação a outubro, já descontados efeitos sazonais. Na média anual, o emprego industrial vem crescendo a uma taxa média mensal de 0,34%. Este indicador é importante porque, normalmente, é o último a reagir em períodos de crescimento econômico.

Segundo a CNI, o uso da capacidade produtiva instalada nas indústrias ficou em 82%, mantendo o mesmo nível dos últimos seis meses.

Já um levantamento feito pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) revelou que a indústria paulista demitiu mais do que contratou no ano passado. Segundo a pesquisa, em 2006 o nível de emprego no setor registrou saldo negativo de cinco mil postos de trabalho, o equivalente a uma retração de 0,26% sobre o ano anterior. Foi o primeiro registro de queda no saldo de empregos anual da indústria, desde que a Fiesp adotou a atual metodologia da pesquisa, em 2000.

Somente em dezembro, os cortes nas indústrias paulistas superaram as admissões em 52 mil postos, um recuo de 2,48% ante novembro e o pior desempenho do nível de emprego para o mês em sete anos de pesquisa.

- Não esperávamos uma queda tão grande - admitiu o diretor do Departamento de Estudos Econômicos da Fiesp, Paulo Francini.