Título: Aliança com mensaleiros agora é oficial
Autor: Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 18/01/2007, O País, p. 4

Em reunião com Maluf e Pedro Corrêa, PP adere a Chinaglia

BRASÍLIA. No dia em que viu escapar o apoio do PSDB, a candidatura do líder do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), para o comando da Câmara recebeu uma compensação, a adesão do PP e PTB, dois partidos que tiveram deputados envolvidos no escândalo do mensalão. A mobilização mais forte aconteceu no PP. Para garantir o apoio ao petista, estiveram presentes na reunião da bancada vários políticos envolvidos em escândalos recentes como o deputado Pedro Henry (MT), o deputado cassado Pedro Corrêa (PE), e o deputado eleito Paulo Maluf (SP).

Depois de uma reunião tensa, o PP acabou aprovando o apoio a Chinaglia por 22 votos dos 41 da bancada. O presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), recebeu 9 votos e o tucano Gustavo Fruet (PR), 2 votos, além de um voto em branco. Desse total, sete votos foram encaminhados por escrito. Já no PTB a votação foi mais folgada em favor de Chinaglia. Dos 24 deputados petebistas, 19 apoiaram o candidato do PT, contra apenas 3 votos em Aldo. Houve um voto em branco e um deputado ausente.

Ao anunciar o apoio a Chinaglia, os líderes do PTB, José Múcio Monteiro (PE), e do PP, Mário Negromonte (BA), saíram em defesa de seus partidos e rebateram a denominação de partidos do mensalão. Negromonte disse que os parlamentares acusados de receber dinheiro do esquema para votar com o governo já foram punidos e que a bancada foi eleita democraticamente.

- A sociedade já penalizou nesse episódio. O partido está vivo. Portanto, essa pergunta não é cabível. Quem está aqui foi eleito pelo voto popular - afirmou.

Diante do constrangimento, Chinaglia defendeu os aliados. Afirmou que as bancadas foram renovadas e que os deputados foram eleitos pelo voto popular. Segundo ele, primeiro é preciso esperar o andamento dos mandatos para questionar a atuação das novas bancadas.

- Não discuto a legitimidade do mandato popular e o apoio dos deputados é altamente seletivo. Aqui são 513 deputados. É um eleitorado rigoroso e há um fio condutor em nosso discurso, que é recuperar a autoridade da Casa. Agora, antes de mais nada, é prudente esperar o resultado das eleições e fiscalizar o mandato. Nós aqui temos história e trajetória e essa história nos dá tranqüilidade para fazer o que tem que ser feito. É bom lembrar que essas bancadas estão bastante renovadas.

Chinaglia disse que a decisão dos dois partidos aumenta sua responsabilidade em defesa da Câmara.

- Quero estar à altura de tamanha representatividade na valorização do Legislativo - acrescentou Chinaglia. (Gerson Camarotti)