Título: Equador não quer ser membro pleno do bloco e Uruguai negocia com EUA
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Fonte: O Globo, 18/01/2007, Economia, p. 26

Uruguaios avançam na discussão de um acordo comercial bilateral

QUITO, RIO e WASHINGTON.A ministra de Relações Exteriores do Equador, Maria Fernanda Spinoza, disse ontem que o país não pretende integrar o Mercosul como membro pleno, mas quer aprofundar a relação com o bloco através da integração com a Comunidade Andina de Nações (CAN), da qual o Equador já faz parte. Por outro lado, o subdiretor do Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTR, da sigla em inglês), John Veroneau, disse ontem que seu país e o Uruguai estão avançando rumo a um acordo bilateral de comércio e investimentos.

- Temos um projeto maior de construção da união sul-americana e para isso acreditamos que a plataforma ideal para o Equador é o fortalecimento da Comunidade Andina - afirmou a ministra em entrevista ontem à rede BBC, em Quito, um dia antes de viajar ao Brasil para a reunião de cúpula do Mercosul, que começa hoje no Rio.

O chanceler brasileiro, Celso Amorim, por sua vez, amenizou as declarações da ministra equatoriana:

- Este é um problema do Equador. Não estamos abrindo o Mercosul para subscrição pública.

Havia uma expectativa no Brasil de que, com a mudança de governo, o Equador pedisse para se tornar membro pleno do bloco. O governo equatoriano está interessado, assim como o Brasil, em integrar a região através da convergência entre Mercosul e CAN, e fortalecer a Comunidade Sul-Americana de Nações (Casa). No discurso de posse, na última segunda-feira, Correa chegou a oferecer Quito como sede da secretaria do novo bloco, que funciona provisoriamente no Brasil.

Acordo com EUA pode afastar Uruguai do Mercosul

A relação bilateral entre Brasil e Equador deve se aprofundar, na avaliação da ministra. "A agenda bilateral com o Brasil é muito rica. As empatias são enormes", disse ela, que defende uma maior integração não só comercial como também cultural e em áreas como meio ambiente e de proteção da Amazônia.

Já o subdiretor da USTR afirmou que os EUA e o Uruguai estão cada vez mais próximos de "novas relações comerciais", que culminarão em um tratado bilateral. John Veroneau, que também visitará o Chile e a Argentina, informou que virá a Montevidéu para assinar um acordo que, segundo ele, é um passo importante rumo ao livre comércio entre os dois países.

O acordo entre os dois países, no entanto, poderá se tornar incompatível com a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, gerando uma crise no bloco. Segundo o representante do USTR, o acordo prevê a redução de tarifas de importação de vários produtos, além de criar garantias de proteção a investimentos estrangeiros.