Título: Risco-país atinge o menor nível da história
Autor: Rangel, Juliana e Pizarro, Rui
Fonte: O Globo, 18/01/2007, Economia, p. 27

Indicador cai 3,64%. Estréias na Bolsa já somam até R$3 bi este ano, 20% do total de 2006

RIO e BRASÍLIA. O risco-Brasil, termômetro da confiança dos investidores estrangeiros no país, recuou ontem para o menor nível desde que começou a ser calculado pelo banco americano JP Morgan, em 1994. O indicador caiu 3,64%, para 185 pontos centesimais. Durante o dia, chegou a marcar 184 pontos. O recorde anterior havia sido registrado no dia 28 de dezembro: 192 pontos centesimais.

O movimento também foi registrado em outros países emergentes. A média de risco dos 17 países monitorados pelo JP Morgan recuou 2,94%, para 165 pontos centesimais - um recorde histórico.

A melhora na percepção da economia brasileira atraiu a entrada de capital externo. Com isso, o dólar encerrou os negócios em queda de 0,28%, cotado a R$2,135. Após cair 0,75% pela manhã, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acabou fechando em alta de 0,26%, influenciada pelo crescimento acima do esperado da produção industrial americana em dezembro - 0,4%, ante previsões dos analistas de apenas 0,1%.

As ações de empresas de concessões rodoviárias foram o grande destaque no pregão. Declarações do ministro do Transportes, Paulo Sérgio Passos, de que o governo não deve alterar o modelo de concessões, garantiram o otimismo dos investidores, após a suspensão, na semana passada, do leilão de sete trechos de estradas.

Com isso, os papéis da CCR registraram a maior alta do Ibovespa (3,80%); e os da OHL, segunda maior concessionária do país, avançaram 4,51%.

Este ano, os lançamentos de ações programados para janeiro e início de fevereiro - das empresas PDG Realty, Iguatemi, Tecnisa, Rodobens e Camargo Corrêa, a maioria, do setor imobiliário - devem movimentar entre R$2,4 bilhões e R$3,083 bilhões na Bolsa, até 20% do total de estréias de 2006.

No mercado internacional, o preço do barril de petróleo negociado em Nova York subiu 2,03%, para US$52,25. Na mínima do dia, chegou ao menor patamar desde 25 de maio de 2005: US$50,28. Em Londres, o petróleo tipo Brent avançou 2,10%, para US$52,39.

Fluxo cambial está positivo em US$3,2 bi em janeiro

O movimento de ontem no mercado de câmbio indica a intensa entrada de dólares no país. De acordo com o Banco Central (BC), o fluxo cambial - que reflete a entrada e a saída de moeda estrangeira - apresentou saldo positivo de US$3,259 bilhões nos nove primeiros dias úteis de janeiro. O resultado praticamente elimina o déficit apurado em todo o mês de dezembro, de US$3,463 bilhões.

A balança comercial continua sendo o motor da entrada de dólares, mas a conta financeira também voltou a ficar positiva neste período de janeiro: foram US$850 milhões de entradas líquidas. Em dezembro, o lado financeiro havia registrado perdas de US$11,265 bilhões.

Pela conta comercial, o fluxo cambial nos nove primeiros dias úteis de janeiro ficou positivo em US$2,409 bilhões, com exportações de US$5,315 bilhões e importações de US$2,906 bilhões. O resultado é mais do que o dobro do registrado no mesmo período de 2006, quando o fluxo comercial ficou positivo em US$1,164 bilhão.

* Do Globo Online