Título: Varig: Justiça intima Deloitte e ex-presidente
Autor: Ribeiro, Erica
Fonte: O Globo, 18/01/2007, Economia, p. 28

Juiz recebe informações sobre favorecimento a executivos da empresa e pede mais esclarecimentos a envolvidos

O juiz Paulo Roberto Fragoso, da 1ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio, intimou ontem a consultoria Deloitte, que acompanha o processo de recuperação da antiga Varig e o ex-presidente da companhia Marcelo Bottini a prestar mais esclarecimentos sobre o favorecimento em indenizações a 20 executivos da empresa. Fragoso também informou que cada um dos executivos terá que explicar as indenizações.

- A Deloitte enviou à Justiça um e-mail encaminhado pelo Sr. Marcelo Bottini, onde, em linhas gerais, ele explica que o grupo de executivos tinha papel fundamental no funcionamento da empresa em sua fase mais aguda e que, mesmo tendo aderido a um programa de demissão voluntária, permaneceram trabalhando, com o compromisso de que, se fossem aproveitados na nova companhia, devolveriam o que lhes foi pago. Como isso não ocorreu, não houve devolução - explicou Fragoso.

As alegações, no entanto, não foram consideradas suficientes e o juiz decidiu intimar a consultoria Deloitte para esclarecer se o comportamento do ex-presidente da Varig tinha amparo legal e também no plano de recuperação da companhia. A Justiça espera a resposta da consultoria em 48 horas.

Bloqueio de bens depende de explicações de executivos

O ex-presidente da Varig terá que apresentar documentos comprovando que as partes envolvidas, entre elas credores, foram informadas de sua decisão. De acordo com o juiz Fragoso, por não ter sido estabelecido prazo na intimação de Bottini, ele teria cinco dias para apresentar suas explicações. Procurado, mais uma vez o ex-presidente da companhia não atendeu às ligações.

Na terça-feira, o Ministério Público do Trabalho pediu o bloqueio dos bens dos 20 executivos da antiga Varig favorecidos pelas indenizações. O juiz informou que o bloqueio ainda é prematuro e dependerá das informações que virão da Deloitte e dos próprios executivos, que também foram intimados a explicar sobre as indenizações.