Título: Rio ampliará sua fatia no orçamento da habitação
Autor: Casemiro, Luciana
Fonte: O Globo, 18/01/2007, Economia, p. 31

Superintendente da Caixa diz que, com parcerias, pode consumir mais de 10% dos recursos previstos para o Brasil

A participação do Rio de Janeiro no orçamento total da Caixa para habitação - que este ano, a princípio, é de R$12 bilhões - deve subir. Pelo menos, esta é a expectativa de José Domingos Vargas, superintendente Regional da Caixa no Estado, que aposta na retomada dos percentuais históricos na faixa de 10% das verbas destinadas ao território nacional. Em 2006, o Rio abocanhou 6,7% do total investido em habitação pela instituição no país.

- Os nossos números são bons. Quando falamos em contratações de PAR (Programa de Arrendamento Residencial), os investimentos ficam na casa dos 10% realizados no Brasil. Nos financiamentos para a classe média, chegamos a consumir 20% da verba. O que baixava a participação do Rio eram os projetos que dependiam da parceria com o governo do Estado e dos municípios. Mas tudo indica um novo patamar de cooperação para este ano que deve incrementar as contratações e pode nos alçar até acima do patamar histórico de 10% - explica Domingos, que espera aplicar este ano cerca de R$1,5 bilhão, contra os R$996 milhões de 2006.

Se todos os projetos em estudo na Caixa forem aprovados, isso significaria o comprometimento de R$720,92 milhões no financiamento de 17.402 unidades. Ou seja, metade do orçamento inicialmente previsto para o Rio.

- A divulgação do PAC (Programação de Aceleração do Crescimento), na próxima semana, pode trazer ainda mais incremento nas verbas - avisa Domingos, que acredita no crescimento das operações coletivas, em que, com subsídio, é possível empreender para baixíssima renda (até R$300 mensais, pode ser a custo zero), por meio de parcerias com municípios e estado.

O financiamento direto à produção, incrementado a partir do último trimestre do ano passado, também promete para 2007. O programa, uma antiga demanda dos empresários, sofreu um ajuste em setembro de 2006. O resultado é que, no ano passado, 30% dos recursos aplicados no Estado foram destinados a imóveis novos ou na planta. Percentual que Domingos espera aumentar:

- Em 2006, 60% dos financiamentos foram para imóveis usados, 10% para material de construção e 30% para imóveis novos ou na planta. Em 2007, o crédito para construção deve chegar a 50% do total.

Transporte é entrave ao desenvolvimento do setor

Com dinheiro de sobra, taxas de juros em queda e inflação sobre controle, o nó do setor no Rio mudou, diz o superintendente da Caixa:

- Hoje o principal nó da habitação é o transporte. Fomos pioneiros em empreendimentos próximos à Avenida Brasil, por exemplo, em Benfica, Bonsucesso, Santa Cruz. Mas, para esses projetos ganharem escala, é preciso um trabalho sincronizado entre os governos. Precisa chegar junto com o empreendimento, infraestrutura e transporte - disse.

Na avaliação de Domingos, aliás, podem até ser lançados projetos na Avenida Brasil este ano, mas os empreendimentos nesta área devem render frutos mesmo em 2008 e 2009.