Título: Retirada do apoio tucano a Chinaglia dificulta acordos regionais com o PT
Autor: Farah, Tatiana e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 19/01/2007, O País, p. 4

Fruet: "Fica desvinculada a eleição da Câmara de qualquer outra nas assembléias"

SÃO PAULO e BRASÍLIA. O apoio integral do PSDB a Gustavo Fruet (PSDB-PR) para a presidência da Câmara deve, na avaliação do candidato, desvincular definitivamente a disputa de eleições para o comando das assembléias legislativas nos estados. O apoio anunciado na semana passada pela bancada tucana à candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP), retirado na última terça-feira, teria sido negociado em troca da eleição de deputados do PSDB para a presidência das assembléias na Bahia e em São Paulo.

- Com o apoio do PSDB à minha candidatura fica desvinculada a eleição da Câmara de qualquer outra nas assembléias legislativas - reforçou Fruet.

A cratera do Metrô paulista e a quebra do pacto tucano-petista em Brasília, com o lançamento da candidatura de Fruet, de fato, ameaçam azedar as relações entre o PT e o PSDB na Assembléia Legislativa de São Paulo. A bancada petista tinha praticamente fechado apoio ao pré-candidato do PSDB à Presidência da Casa, Vaz de Lima. Agora, as negociações patinam.

- A conversa continua, mas o acordo não é garantido. A história azedou - disse um dirigente nacional petista.

"PT corre risco de ficar fora da Mesa", diz tucano paulista

Os tucanos paulistas ainda dão como certo o acordo na assembléia, que tem como base o princípio da proporcionalidade. O PSDB ficaria com a presidência e o PT, com a primeira-secretaria, o segundo maior posto.

- Se o PT, eventualmente, quiser fazer a disputa pela presidência, corre o risco de ficar fora da Mesa - diz um tucano.

A candidatura petista está afastada pelo próprio PT, mas não está descartado o apoio, em caso de reeleição, ao atual presidente da Assembléia, Rodrigo Garcia (PFL). A bancada petista não quer apenas a primeira secretaria. Quer garantir pelo menos duas comissões: a de Serviços e Obras e a de Finanças e Orçamento. A disputa pela Comissão de Finanças não será fácil nem com o acordo: o PSDB quer continuar no comando.

- O que vamos apresentar é uma pauta de reivindicações e de funcionamento da Assembléia. Mas a bancada do PT ainda vai se reunir para decidir - disse Ênio Tatto, líder do PT.

No caso da Bahia, Fruet diz que o PSDB vai assegurar o comando da assembléia. Isso porque essa teria sido a compensação oferecida aos tucanos, que não puderam participar do governo petista no estado.