Título: Cerco às pistas clandestinas
Autor: Ramalho, Sérgio e Peña, Bernardo de la
Fonte: O Globo, 19/01/2007, Rio, p. 10
Mapeamento ajudará Força Nacional e PF a impedir entrada de drogas e armas no Rio
Omapeamento de pistas de pouso clandestinas usadas pelo tráfico nas divisas do Rio será uma das prioridades da Força Nacional de Segurança. O levantamento - feito em conjunto com a Polícia Federal - faz parte da estratégia para impedir a entrada de drogas e armas no estado. Apesar de a maior parte dos carregamentos chegar por rodovias interestaduais, os integrantes da FNS também vão fiscalizar áreas portuárias e aeroclubes.
Amparada por informações das áreas de inteligência da PF e da Secretaria de Estado de Segurança, a equipe da FNS inicia hoje o trabalho em 19 pontos das divisas do Rio com outros estados do Sudeste. Uma das regiões consideradas mais importantes fica na divisa com São Paulo, principal pólo de distribuição de drogas e armas vindas do Paraguai.
Chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes da PF, o delegado Victor Cesar Carvalho dos Santos admite a existência de informações sobre o emprego de pistas de pouso clandestinas em cidades do interior. Segundo o delegado, o uso de monomotores para atravessar drogas e armas pela fronteira com o Paraguai é uma das estratégias adotadas pelo tráfico.
As investigações da PF mostram que os pequenos aviões seguem até pistas clandestinas no interior de São Paulo, de onde os carregamentos são distribuídos em carros de passeio e caminhões para os demais estados do Sudeste. A utilização de monomotores no tráfico também foi detectada em pontos da divisa do Rio com Minas Gerais e Espírito Santo.
- Essas informações revelam a necessidade de intensificação do patrulhamento nas cidades de divisa. Não só nas rodovias, mas também nas áreas portuárias e nos aeroclubes, onde praticamente não há uma fiscalização rotineira - admite Victor.
O delegado dá o exemplo da divisa entre Rio e Espírito Santo. Segundo Victor, a cidade de São Francisco de Itabapoana foi usada como base de distribuição de drogas pelo traficante Marco Antônio da Silva Tavares, o Marquinhos Niterói, morto em sua cela, no Complexo de Gericinó, em 2005. Um dos principais fornecedores de drogas para favelas do Rio, ele usava barcos de pesca para trazer cocaína, maconha e crack.
Lula: "Clima é propício a parcerias"
Ao lado do governador Sérgio Cabral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que está muito otimista com o entendimento que tem ocorrido entre o governo federal e os estados do Rio, de Minas Gerais e São Paulo, especialmente na área de segurança. Em rápida entrevista antes de deixar o Hotel Intercontinental, onde participou da abertura do Foro de Governadores e Prefeitos do Mercosul, Lula afirmou que o país vive um clima mais propício às parcerias depois de décadas de discórdia.
- Estou muito otimista com o Rio de Janeiro, com Minas Gerais, com São Paulo e com o Brasil inteiro, porque agora temos um clima mais propício e mais favorável, após muitas décadas de discórdia e de disputas entre governos estaduais e o governo federal. Na medida em que nós tomamos a consciência de que somente juntos podemos resolver esse problema, estamos dispostos a trabalhar juntos - disse Lula, evitando criticar outros governadores. - Não me peça para criticar o último governo, porque prefiro falar do próximo.
O presidente disse que o governo estuda transformar a Força Nacional, formada por policiais oriundos de diferentes estados, numa tropa permanente:
- As Forças Armadas não podem ser utilizadas para combater o crime sem que seja uma coisa muito especial. Por isso, criamos a Força Nacional. Minha idéia é que ela seja fixa e, aí, a gente tenha mais mobilidade.
Segundo o presidente, Cabral sabe que no caso do Rio o governo federal fará o possível para colaborar:
- Não daremos um passo sem conversar com ele, e acho que isso criou uma dinâmica importante para o povo do Rio, com esperança.