Título: Países também querem unir sistema financeiro
Autor: Galeno, Renato e Rodigues, Luciana
Fonte: O Globo, 19/01/2007, Economia, p. 26

Brasil, Venezuela e Argentina formaram grupo de trabalho para integração sul-americana

Além da integração energética da América do Sul, os governos de Brasil e Venezuela preparam também outras formas de unir o continente. Autoridades afirmaram ontem que os dois países pretendem promover a integração financeira, que passou a fazer parte da pauta da reunião de chefes de Estado sul-americanos depois que o presidente venezuelano Hugo Chávez propôs a criação do Banco do Sul.

Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência, afirmou ontem que a criação de um sistema financeiro sul-americano é uma meta dos governos de Brasil, Venezuela e Argentina, que formaram um grupo de trabalho trilateral.

- Os países da América do Sul têm recursos próprios em seus sistemas financeiros. A utilização deles pode criar um sistema de autonomia financeira. Não precisa ser um Banco do Sul - disse ele.

Os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, criticaram a proposta de criação do Banco do Sul, defendendo, como Garcia, a integração financeira por outros meios.

- A proposta que nós temos consiste no fortalecimento das instituições que já existem, uma atuação conjunta do BNDES, do Banco de La Nación da Argentina e do Banco de Desenvolvimento da Venezuela - disse o ministro da Fazenda.

Já o ministro do Desenvolvimento ressaltou que a criação de um único banco levaria anos.

- Eu ficaria feliz se os organismos atuais, o BNDES e a CAF (Corporação Andina de Fomento) pudessem atuar de forma mais agressiva - disse Furlan.

Segundo uma fonte do governo Brasileiro, Lula teve a preocupação de tentar driblar os recentes atritos entre os chefes de governo do continente. O almoço de ontem teve a presença apenas dos presidentes e dos dois tomadores de notas, sem ministros ou chanceleres. Tudo para que nada vazasse para a imprensa.

Dois possíveis focos de atrito não estiveram no almoço. O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, evitou se encontrar com Néstor Kirchner. E o presidente peruano Alan García, que foi xingado por Hugo Chávez durante a campanha eleitoral no Peru ano passado, também não apareceu.

(*) Enviada especial