Título: Teotônio cede às pressões e diz que vai pagar os reajustes dos servidores
Autor: Ferreira, Arnaldo
Fonte: O Globo, 20/01/2007, O País, p. 4

Alagoas vive dia de caos, com falta de atendimento nos hospitais e fuga de presos

MACEIÓ. Pressionado pelo caos em Alagoas provocado pela greve geral do funcionalismo, o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB) recuou ontem e anunciou que vai pagar os reajustes salariais dos servidores, exceto o dos professores. Ele disse ter conseguido uma antecipação de receita com os maiores contribuintes do Estado:

¿ Com esta antecipação de receita, foi possível reintegrar os salários com os reajustes. Tive de adotar esta medida drástica porque recebi o governo sem dinheiro e uma dívida de R$400 milhões ¿ disse Teotônio.

A crise ontem beirou o caos: 31 presos fugiram de uma delegacia de polícia no interior do estado; um vice-prefeito foi assassinado em Maceió; a secretaria da Fazenda foi ocupada por servidores e o atendimento nos hospitais públicos ficou restrito a pacientes com risco iminente de morte.

Os presos fugiram por um túnel na delegacia de Arapiraca, ao perceberem que os agentes em greve jogavam dominó em frente à delegacia. A Polícia Civil em greve também não investigou o assassinato do vice-prefeito do município de Pilar, Gilberto Alves (PSDB). Dois homens numa moto mataram o político com nove tiros e fugiram tranqüilamente.

Em pronto-socorro, rapaz baleado não foi atendido

No pronto-socorro de Maceió, parentes reclamavam da falta de médicos para atendimento. O desempregado José Miguel dos Santos, em desespero, queixou-se que seu filho, de 23 anos, estava internado com um tiro na cabeça há dois dias sem atendimento. No IML, famílias também se queixavam por não poderem enterrar seus mortos porque não havia médicos para assinar os atestados de óbito. Um dirigente da CUT ameaçou desligar o computador central da Secretaria de Fazenda:

¿ Se a gente desligar, Justiça, Ministério Público, Assembléia Legislativa e Tribunal de Contas ficam sem receber dinheiro.

Teotônio disse que só os salários dos professores não vão ser recompostos em 100% porque isso representaria acréscimo de R$12 milhões na folha:

¿ Sei que os professores merecem a isonomia, porém só temos condições de pagar os 20% que eles recebiam até outubro.

Segundo Teotônio, o Tesouro Nacional vai fazer uma auditoria geral nas contas dos governos passados. Os servidores dizem que só retornam ao trabalho depois que o governo publicar no Diário Oficial a decisão de recompor os salários, o que deve acontecer na segunda-feira, quando chega ao estado uma equipe do governo federal enviada pelo presidente Lula.