Título: Fundos terão R$ 2,5 bilhões para área de infra-estrutura
Autor: Vieira, Catherine
Fonte: O Globo, 01/06/2006, Finanças, p. C3

Álvaro Gonçalves, presidente da Abvcpa: captações ainda estão em curso Quatro fundos de investimentos em participações (FIPs) que vão focar no segmento de infra-estrutura estão em fase final de captação e devem injetar cerca de R$ 2,5 bilhões no setor nos próximos quatro anos, segundo estimativas da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). Representantes da Andrade Gutierrez Angra (AG Angra), da Darby e do ABN AMRO, gestores desses FIPs, estiveram reunidos ontem, no Rio, em evento sobre as perspectivas no setor de infra-estrutura para os fundos de participações. Os representantes do GP - que é o gestor do quarto fundo, o GP Logística - não puderam se apresentar porque a gestora ainda cumpre período de silêncio pela operação de abertura de capital do grupo.

Para Álvaro Gonçalves, presidente da Abvcap, investimentos desses novos fundos devem começar a se intensificar a partir de 2007, uma vez que a fase de captação ainda está em curso. Segundo dados apresentados por Geofrey Cleaver, do ABN AMRO, no ano passado, o segmento de infra-estrutura recebeu investimentos de cerca de R$ 8 bilhões por meio de todos os instrumentos, incluindo financiamentos, dívida e ações.

Para os especialistas, o segmento tem uma necessidade muito maior de capital, o que gera oportunidades para os fundos de "private equity", mas afirmam que ainda existe uma dificuldade de captar junto a investidores estrangeiros, por exemplo.

Nos quatro fundos que estão sendo desenvolvidos, os investidores são institucionais locais, a maioria fundos de pensão ou fundos financeiros. "Mesmo entre os locais ainda não há tanta procura, dos mais de 300 fundos de pensão, estimamos que cerca de 12 tenham investido em fundos de private equity e nesse momento cerca de seis estão efetivamente avaliando a possibilidade de investir", diz Gonçalves da Abvcap.

Um dos fundos de pensão mais entusiasmados com esse tipo de aplicação é a Petros. A fundação dos petroleiros vai aplicar nos quatro fundos até o limite de 25% dos patrimônios totais, o que pode significar cerca de R$ 600 milhões em aportes. Além disso, a Petros aplicou também R$ 200 milhões no fundo Brasil Energia, outro FIP destinado ao setor, gerido pelo Pactual, totalmente captado e em fase de investimentos.

Segundo o diretor de investimentos da Petros, Ricardo Malavazi, um estudo das rentabilidades do fundo mostrou que, num período de 60 meses encerrado no fim de 2004, a bolsa supera a renda fixa, apesar dos juros altos do país. "Isso ocorreu basicamente por conta da performance dos fundos antigos de participações, por isso acreditamos que esse segmento possa ser promissor, tivemos fundos que nos renderam IGP mais 15% ."

Ele acrescentou que, em função de outras experiências traumáticas do passado, foi necessário fazer aperfeiçoamentos de governança para que as fundações voltassem ao setor. Por conta disso, boa parte dos FIPs no Brasil conta com representantes dos cotistas nos comitês de investimento, e não apenas o gestor. De acordo com especialistas presentes, esse fator pesa negativamente junto ao investidor estrangeiro.

"Os investidores de private equity estão interessados nos emergentes e o Brasil precisa se vender melhor", disse Marcos Regueira, da Fir Capital, presidente eleito da Abvcap.