Título: Mãe da Pampulha alega inocência a jurados
Autor: Rocha, Luiz Fernando
Fonte: O Globo, 20/01/2007, O País, p. 15

Espera-se para hoje veredicto de mulher acusada de jogar filha recém-nascida na Lagoa da Pampulha, em MG

BELO HORIZONTE. Deve terminar hoje o julgamento de Simone Cassiano da Silva, de 29 anos, mãe acusada de jogar a filha recém-nascida nas águas da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, no dia 28 de janeiro de 2006. O bebê, então com dois meses, foi embrulhado em um saco plástico. Ao ser interrogada ontem pelo juiz Leopoldo Mameluque, do 1º Tribunal do Júri, Simone voltou a negar que tenha jogado o bebê na lagoa, mantendo a versão de que a entregou a um casal de andarilhos que passava pelo local, mas entrou em contradição algumas vezes e não conseguiu explicar dúvidas do juiz em relação a horários e à seqüência de fatos que culminou com o resgate do bebê.

O casal de mendigos jamais foi encontrado. Quando foi questionada sobre os motivos que a teriam levado a abandonar a filha, Simone, que tem outra filha, se disse arrependida, e tentou explicar uma declaração que deu quando foi presa, referindo-se à filha como ¿essa droga dessa menina¿:

¿ Amo minhas filhas e me considero ótima mãe. O delegado me obrigou a falar com a imprensa e me deu dois socos no estômago. Eu me referi à droga do fato, e não à criança.

A menina só foi salva porque o choro chamou a atenção de populares, que a resgataram. O resgate foi filmado por um cinegrafista amador e o drama de Letícia (nome dado pelos pais adotivos) ganhou o noticiário nacional. Desde o início da manhã centenas de pessoas formaram uma fila diante da sala.

O interrogatório durou quase duas horas. Simone não chorou e quase não expressou emoções. Numa ou outra pergunta, ela se mostrou irritada e impaciente, mas não alterou o tom de voz. O tempo todo, ela se referiu à filha pelo nome de Iara, com o qual a criança foi provisoriamente batizada pela equipe que a atendeu no hospital. A menina foi registrada com o nome de Letícia Maria Cassiano e está desde o ano passado sob guarda provisória de uma família determinada pelo Juizado da Infância e Juventude.

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