Título: Chávez defende maior presença do Estado nas economias da região
Autor: Oliveira, Eliane e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 20/01/2007, Economia, p. 39

Presidente venezuelano afirma que época do neoliberalismo já passou

Em um discurso que durou 35 minutos ¿ quase o triplo do tempo usado por cada um dos demais chefes de Estado presentes à reunião de cúpula do Mercosul ¿ o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, esclareceu a seus colegas que não pretende exportar para a América do Sul ou ¿contaminá-la¿ com o socialismo a ser implementado em seu país. Sugeriu aos sócios do bloco, entretanto, que ampliem a participação do Estado em suas economias:

¿ Não quero contaminar o Mercosul, mas o mercado não é rei e senhor. Deixamos a época do neoliberalismo, como deixamos a época da ditadura.

Chávez lembrou que, das 300 principais empresas que fazem comércio com o Mercosul, 40% são transnacionais e outras 35% são subordinadas às matrizes transnacionais. Trata-se de firmas, disse, sem interesse na integração. Ao contrário, emendou, que querem a ¿desintegração¿ do bloco.

¿ A Petrobras e a PDVSA são estatais e por isso entregam seus lucros aos respectivos países ¿ disse o presidente da Venezuela.

Venezuelano critica autonomia dos BCs

Com os ataques ao ¿imperialismo americano¿ ¿ que já são comuns em seus discursos ¿ Chávez disse que pretende implantar em seu país um socialismo renovado. O capitalismo, enfatizou ele, ¿é o caminho para a destruição do planeta, da vida¿.

O presidente venezuelano rebateu as críticas que têm recebido, por ter apresentado um projeto que lhe permitirá governar por decreto por um tempo. Assegurou que administra a Venezuela com base em princípios democráticos. Aproveitou seu discurso, ainda, para repreender publicamente o vice-presidente do Paraguai, Luis Castiglioni, que, às vésperas da cúpula, deu entrevista dizendo que a ideologia da Venezuela contaminaria o Mercosul:

¿ Às vezes, é preciso respirar fundo para não responder, mas entendo que são jogadas para impedir a integração.

(*) Enviada especial

`HÁ UM EMPENHO EM SUFOCAR O PLURALISMO¿, na editoria internacional, página 50