Título: Lula afirma que clima é favorável à integração
Autor: Oliveira, Eliane e Rodrigues, Luciana
Fonte: O Globo, 20/01/2007, Economia, p. 39

Presidente reforça necessidade de a América do Sul manter o compromisso com os princípios democráticos

Primeiro a discursar na reunião de presidentes do Mercosul e dos países associados ao bloco, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o clima político na América do Sul nunca esteve tão favorável à integração, a despeito das diferentes opções de política interna das nações sul-americanas. Lula reforçou a necessidade de se manter os compromissos com os princípios democráticos e destacou que, ¿felizmente¿, uma das características da região é a diversidade:

¿ O pluralismo político e ideológico é totalmente compatível com o nosso processo de integração, que busca o desenvolvimento, a inclusão social, o emprego e o fortalecimento da democracia.

O presidente defendeu o estreitamento das relações entre o Mercosul e a Comunidade Andina de Nações (CAN) ¿ bloco onde há os principais conflitos de ordem política, com Venezuela, Equador e Bolívia de um lado, e Colômbia e Peru, tidos como aliados dos Estados Unidos, de outro.

Presidente dá as boas-vindas à Bolívia

Ele destacou que os países da região têm em comum a prioridade que atribuem ao resgate das dívidas sociais. Por isso, disse o presidente, deve-se respeitar os diferentes caminhos e, ao mesmo tempo, manter a atual identidade sul-americana:

¿ Nossa união é necessária. Nem os mais fortes entre nós serão capazes de resolver sozinhos as contradições dos nossos países. Nossa articulação é fundamental para o desenvolvimento com trabalho decente, justiça e inclusão social.

Lula aproveitou para dar as boas-vindas à Bolívia, que formalizou seu pedido de ingresso no Mercosul como membro pleno. Sem a perspectiva de solicitação semelhante do Equador, o presidente brasileiro deixou claro que o bloco está aberto a adesões.

O caráter político do discurso de Lula tinha por objetivo não apenas mostrar que os países da região respeitam as mudanças nos regimes políticos da Bolívia e da Venezuela, marcados pela nacionalização de setores estratégicos. Ao mesmo tempo, ele tentava levar os presidentes a uma reflexão mais profunda sobre o momento atual, tendo em vista que a América do Sul tem sido pontuada por brigas regionais que acabam impedindo avanços no processo de integração.

Lula destacou o papel do Mercosul como instrumento de integração e afirmou que o crescimento dos fluxos comerciais ¿não é tudo¿, ou seja, o comércio não pode ser o único instrumento de integração. Referindo-se ao descontentamento dos países menores do bloco, o Uruguai e o Paraguai, mas sem citá-los nominalmente, o presidente fez a seguinte recomendação:

¿ Estamos abertos ao diálogo no contexto de nosso processo de integração, mas pedimos que as críticas venham acompanhadas de alternativas viáveis para nossos países.

Ele disse que é preciso aperfeiçoar os elementos econômicos e comerciais do bloco e fortalecer os alicerces políticos da região. Disse ter ficado satisfeito com os resultados dos últimos seis meses, período em que o Brasil assumiu a presidência pro tempore do bloco, e destacou a criação do Parlamento do Mercosul.

Ele chamou atenção para o trabalho que o Brasil desenvolve com a Argentina para criar um sistema de pagamento das transações comerciais em moedas locais:

¿ Vamos, também, reduzir os custos financeiros das transações, contribuindo para maior competitividade do setor produtivo do Mercosul.

* Enviada especial

CORRIDA NO CALÇADÃO EM COPACABANA, na página 42