Título: Aumento salarial agrava crise nos cofres de Alagoas
Autor: Camarotti, Gerson e Vasconcelos, Adriana
Fonte: O Globo, 21/01/2007, O País, p. 8

Na Bahia, Wagner diz ter encontrado dívida de R$620 milhões

BRASÍLIA. Uma das situações mais dramáticas nos estados é de Alagoas. Lá, o governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) detectou um buraco no orçamento igual ao do Distrito Federal: R$400 milhões. Ameaçou suspender o aumento médio de 15% concedido pelo governo passado ao funcionalismo público e depois teve que voltar atrás, por causa das greves que ameaçavam paralisar o estado.

O problema acabou estourando na mão de Teotonio porque 80% dos funcionários só passariam a receber o aumento a partir de 1º de janeiro. Em busca de uma solução para a crise com os servidores do estado, Teotonio fez um périplo na semana passada por Brasília. Com a ajuda do presidente do Senado e um de seus principais aliados políticos, Renan Calheiros (PMDB-AL), conseguiu ser recebido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e sete ministros.

¿ A situação é difícil. Pegamos uma herança maldita ¿ disse Teotonio, repetindo Lula em 2003. ¿ Confio que num curto espaço de tempo vamos superar essa situação.

No Nordeste, outra situação grave é da Bahia. O governador Jaques Wagner (PT) disse ter encontrado uma dívida de aproximadamente R$620 milhões. Segundo ele, o caso mais dramático é da Empresa Bahiana de Alimentos (Ebal), com dívidas que chegam a R$80 milhões.

¿Se fosse uma empresa privada, estaria falida¿

A Ebal é uma espécie de rede de mercados populares, com lojas denominadas ¿Cesta do Povo¿, que servia de opção aos consumidores dos pequenos municípios. Mas de acordo com levantamento da nova gestão, falta praticamente tudo na rede da Ebal, inclusive produtos como carne, peixe, ovos e leite.

¿ As prateleiras da Ebal estão vazias. Se fosse uma empresa privada, já estaria falida ¿ disse Wagner.

Ele disse que vai recuperar a Ebal e enfrentar a situação crítica do estado com um programa amplo para combater o desperdício. Só autorizou a nomeação de 70% dos mais de 12 mil cargos comissionados da Bahia.

Em Pernambuco, o governador Eduardo Campos (PSB), apesar de ter recebido da administração anterior saldo positivo de R$109 milhões, apontou um desequilíbrio nas contas. Ele diz que os débitos a serem quitados somam R$312,5 milhões, o que vai gerar a curto prazo saldo negativo de R$255,1 milhões. Por causa disso, teve que anunciar um corte de 20% das despesas de custeio e paralisação de novos investimentos.

¿ Há uma situação de desequilíbrio nas contas do estado ¿ disse Eduardo Campos.

Em nota, os ex-governadores Jarbas Vasconcelos (PMDB) e Mendonça Filho (PFL) afirmaram que Campos utilizou de má-fé para ¿manipular números e confundir a opinião pública¿.