Título: Fuzil vendido em feira nos eua aparece em favela do Rio
Autor: Araujo, Vera
Fonte: O Globo, 21/01/2007, Rio, p. 14

Brasileiro chegou a revender 15 armas

O rastreamento da origem dos arsenais do tráfico é o principal recurso da Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae) para identificar as quadrilhas especializadas no comércio de armamento. Em abril de 2005, o delegado da especializada, Carlos Oliveira, foi surpreendido ao investigar um fuzil da marca Norinco, calibre 7,62, apreendido com Mário Sérgio Rocha Martins, o Gugui, apontado como chefe do tráfico na Ladeira dos Tabajaras, à época. O fuzil Norinco havia sido adquirido, legalmente, por um artista plástico brasileiro, numa loja da Flórida, por US$200, e revendido numa feira americana conhecida como Show Guns, por US$450.

¿ Já tínhamos esbarrado com um caso semelhante, em 2002, com um fuzil Rugger, apreendido no Morro da Mineira, vendido por um professor de inglês, na mesma feira americana. Legalmente, não houve crime ¿ contou Oliveira.

Em seu depoimento, o artista plástico contou que chegou a revender cerca de 15 fuzis na feira americana, no ano de 1994, além de pistolas das marcas Glock, Sig Sauer, Astra, Star e Desert Storm. Sua justificativa para a revenda destes fuzis foi o preço baixo para compra da arma e a facilidade na sua comercialização.

O advogado e especialista em armas Humberto Fernandes explicou que, nos últimos oito anos, o governo americano passou a ser muito mais exigente com a revenda de armas. Além disso, depois do atentado de 11 de setembro, as revistas nos aeroportos ficaram ainda mais rigorosas.

¿ Hoje, para um particular comprar uma arma de outro particular, é necessário registro na delegacia ¿ explicou.

Para o combate ao tráfico de armas, a Drae conta com um efetivo de 40 homens e apenas oito carros.