Título: Em Davos, a vez de novas potências
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 21/01/2007, Economia, p. 33

Fórum Econômico debate pulverização do poder dos EUA com Índia e China

GENEBRA. O Fórum Econômico Mundial, que reúne a elite política e empresarial do mundo, abrirá seu encontro anual na quarta-feira em Davos, na Suíça, com uma evidência: EUA e Europa não comandam mais o mundo sozinhos. Índia e China são o exemplo de como o centro de poder se pulverizou. Serão recebidos com tapete vermelho e todas as honrarias, como no ano passado.

Na América Latina, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, virou a prova de que a mudança nem sempre ocorre na direção que as grandes potências querem: enquanto os EUA se esforçam para mostrar os louros do liberalismo econômico, o líder venezuelano nacionaliza empresas, promete um ¿socialismo bolivariano¿ e aumenta sua influência na região.

Chávez não foi convidado pelo Fórum Econômico Mundial, apesar de a Venezuela ter importância estratégica como produtora de petróleo, especialmente depois que os preços do barril ficaram acima dos US$60 a maior parte de 2006. O presidente do Fórum, o alemão Klaus Schwab, não usou meias palavras para explicar o motivo da ausência de Chávez:

¿ Queremos pessoas com quem possamos promover o diálogo. Não queremos discursos de quatro horas ¿ afirmou, referindo-se aos longos discursos de Chávez.

Mesmo ausente, o espectro de Chávez estará nos debates sobre a América Latina, já que a influência do líder venezuelano e a ¿esquerdização¿ do continente são motivos de preocupação. Caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao novo presidente mexicano, Felipe Calderón, dourar a pílula para os 2.400 participantes de 90 países que participarão do encontro e mostrar que a região tem uma esquerda que ¿dialoga¿.

¿ Nosso mundo está mudando rapidamente, e o poder está mudando geopoliticamente, mas também no mundo dos negócios e até no mundo virtual ¿ disse Schwab.

Entre os 24 chefes de governos que participarão do Fórum, estão a chefe do governo alemão, Angela Merkel; o primeiro-ministro britânico, Tony Blair; e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas. Entre os empresários, estarão os principais executivos do mundo, de Sergey Brin, da Google, a Edward Zander, da Motorola.

Eles discutirão os problemas políticos atuais, como Oriente Médio, Irã, Coréia do Norte, epidemia da Aids, mudança no clima global, armas nucleares, terrorismo, crise energética e dilemas econômicos, como o futuro do dólar. Cerca de 30 ministros do Comércio farão uma reunião paralela para tentar reanimar a Rodada de Doha.