Título: Caminhos incertos na América Latina
Autor: Figueiredo, Janaína
Fonte: O Globo, 25/01/2007, O Mundo, p. 37

Propostas de reformas radicais lançam dúvida sobre futuro de Venezuela, Equador e Bolívia

Oiscurso de posse do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deu novo impulso às reformas iniciadas por ele em 1999. Se ano passado a grande surpresa do continente latino-americano foi a decisão do governo do presidente Evo Morales de nacionalizar os recursos energéticos, este ano tudo parece indicar que as medidas do governo chavista voltarão a ocupar o centro da cena regional. Chávez mostrou-se disposto a aprofundar suas reformas, apesar do risco de isolamento internacional.

Para onde caminha a assim chamada ¿revolução bolivariana¿ de Chávez ainda é uma grande incógnita. Segundo analistas, apenas uma coisa é certa: o presidente aumentará o poder do Estado e o controle social, político e econômico.

Na Bolívia, o governo Morales continua às voltas com intermináveis disputas com setores opositores, que praticamente paralisaram o processo de reforma da Constituição, em mãos da Assembléia Constituinte, peça-chave do plano de governo do presidente. Quando assumiu o poder, em janeiro de 2006, Morales prometeu refundar a Bolívia e, para isso, precisa salvar a Assembléia. Paralelamente, o presidente deverá continuar avançando na implementação da reforma agrária e reforçando sua aliança econômica e militar com a Venezuela.

O governo do presidente equatoriano Rafael Correa, que assumiu em 15 de janeiro, poderia liderar uma terceira frente de mudanças radicais na América Latina este ano. Em meio a um clima de forte incerteza sobre o futuro do país, Correa antecipou medidas a serem adotadas no curto prazo: convocação de Assembléia Constituinte, renegociação de contratos com empresas privadas e reestruturação da dívida pública, nos moldes do modelo aplicado pela Argentina.