Título: Fórum Social faz campanha para consolidar leis trabalhistas
Autor: Menezes, Maiá
Fonte: O Globo, 22/01/2007, Economia, p. 18

Organização Internacional do Trabalho mostra que o índice de informalidade na África é em média de 80% e chega a 97% no Senegal

NAIRÓBI, Quênia. A cúpula do sindicalismo mundial, reunida ontem no Fórum Social, em Nairóbi, no Quênia, lançou um alerta Social e uma campanha global pelo "trabalho decente" - aquele que respeita as leis e os Direitos Humanos. As estatísticas mostram que, na África, o índice de informalidade chega a 80%, segundo estimativas do representante da Organização Internacional do Trabalho no encontro, Assane Diop. No Senegal, o índice é quase total - chega a 97%. O trabalho infantil, na maior parte agrícola, é rotina no continente.

- Que cada pessoa tenha direito a um trabalho decente, capaz de proteger diversos grupos como migrantes e pessoas infectadas com Aids. A maioria dos trabalhadores não tem proteção alguma. Sejamos ativistas na economia - disse Diop.

O presidente da Confederação Sindical Internacional, Guy Rider, comemorou, no encontro, a criação da confederação, em 1º de novembro de 2006. Com a parceria, segundo ele, os sindicatos terão que trabalhar internacionalmente para acompanhar o impacto da globalização nas questões trabalhistas.

- A unidade nos fortalece. O objetivo dessa campanha é levar conscientização a todos - disse a assistente da confederação sindical africana, Elizabeth Ombija, que vai apresentar o projeto no Fórum Econômico de Davos.

Para o ativista Bart Veistraeden, do Alerta Social, há pressão do Fundo Monetário Internacional para que os países em desenvolvimento privatizem suas estatais. Com isso, avalia, a qualidade e a quantidade de trabalhos nesses países diminuem.

A Fundação Rockefeller e o instituto dirigido por Bill Gates foram duramente criticados pelo projeto de criação da Revolução Verde na África, que prevê investimentos de US$150 milhões. Segundo o ativista Vandana Shiva, a estratégia só servirá para desapossar por completo os agricultores africanos com uma estrutura obsoleta.

O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, diz que a discussão em torno do tema no Fórum o traz de volta ao pensamento da esquerda.

- É muito importante trazer de volta para o debate da esquerda Socialista o pensamento sobre o trabalho. Precisamos rejeitar o dogma neoliberal de que controle de salário é necessário para mantermos a inflação - disse Luiz Dulci, durante discurso.

O debate também tratou dos limites da relação dos sindicatos com os governos:

- Depois de quarenta anos, conseguimos a constituição política de elaboração do mínimo com a interação das entidades sindicais. Nos próximos 15 anos, os reajustes serão sempre acima da inflação - disse o ministro.