Título: Aumento fica sem defensores
Autor: Éboli, Adauri e Camarotti, Gerson
Fonte: O Globo, 23/01/2007, O País, p. 3

Reajuste de 91% nos subsídios não é mais prioridade nas campanhas de Aldo e Chinaglia

Os dois principais candidatos à presidência da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), mudaram de tom em relação à promessa de brigar pela equiparação dos vencimentos dos parlamentares com o dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Em cartas com promessas de campanha aos colegas deputados, o aumento salarial não foi tratado como prioridade. Para agradar aos eleitores, os dois se comprometeram a resolver outros assuntos polêmicos. A mudança ocorre depois do lançamento da candidatura de Gustavo Fruet (PSDB-PR), que assumiu a defesa da ética como bandeira eleitoral.

Sobre os salários, o atual presidente da Câmara afirma apenas que é preciso estabelecer um teto para remuneração dos servidores públicos dos três poderes e critérios para salários dos parlamentares.

¿É preciso vislumbrar uma regra que, ao longo do tempo, leve o presidente da República, os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros de Estado, senadores e deputados a manter alto grau de isonomia em suas remunerações para que haja o equilíbrio entre os poderes¿, afirma Aldo, que não cita qual o limite a ser aplicado.

Ao se referir ao subsídio, o petista Chinaglia disse que não há ¿temas proibidos¿, mas passa ao largo da equiparação. ¿Sejam as condições de trabalho, a remuneração de deputados e senadores, que resolveremos de imediato fazendo um debate breve, sereno e transparente¿.

Petista: contra os ¿ataques injustos¿

Chinaglia, como de outras vezes, toma as dores dos que foram alvos de escândalos e promete que irá reagir às críticas ¿injustas¿ da imprensa ao Parlamento. Aldo não deixou barato. Prometeu adotar o modelo de orçamento impositivo para as emendas parlamentares, o que garante a liberação dos recursos pelo governo federal.

¿Devemos valorizar os meios de comunicação. Temos o espírito aberto para as críticas, até porque não há compromisso com o erro. Mas temos também o espírito da verdade: não assistiremos passivamente a ataques injustos à instituição ou aos parlamentares¿, afirmou Arlindo Chinaglia em sua carta.

O petista, que tem o apoio de parlamentares e de partidos envolvidos nos escândalos do mensalão e dos sanguessugas, afirma que a atual legislatura foi marcada também por ¿episódios de muita tensão e até mesmo sofrimento¿. Ele reconheceu que a Câmara ficou com uma imagem ¿bastante desgastada¿ perante a sociedade, ¿o que é ruim para todos¿.

Fruet ontem investiu no apoio de seu partido. A bancada do PSDB se reúne hoje para oficializar o apoio a ele. O líder do PSDB na Câmara, Jutahy Magalhães Júnior (BA), disse que o candidato tem o apoio integral do partido, inclusive do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e dos governadores Aécio Neves (Minas) e José Serra (São Paulo), que apoiavam Chinaglia. O líder tucano justificou a mudança de apoio, agora para Fruet, com o seguinte argumento:

¿ Se Fruet fosse candidato há 20 dias, seria um problema. Hoje, é uma solução. Ele não é o candidato do PSDB. É o da terceira via, que tem a unanimidade do PSDB.

Jutahy anunciou ontem o apoio a Fruet na presença de apenas um governador, Cássio Cunha Lima, da Paraíba. Teotonio Vilela, governador de Alagoas, estava no Congresso, mas só chegou à reunião onde ocorreu o anúncio após a entrevista do líder.

Fruet contou que já conversou com 60 dos 63 deputados tucanos. Ele disse que o PPS deve aderir à sua candidatura amanhã e que também está otimista com o apoio do PDT.

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